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Energia nuclear

Irã diz ter produzido 17 quilos de urânio enriquecido a 20%

Técnicos russos trabalham em planta nuclear na cidade de  Bushehr, ao sul de Teerã: país investe em tecnologia e diz que enriquecimento de urânio tem fins pacíficos | Caren Firouz/Reuters
Técnicos russos trabalham em planta nuclear na cidade de Bushehr, ao sul de Teerã: país investe em tecnologia e diz que enriquecimento de urânio tem fins pacíficos (Foto: Caren Firouz/Reuters)

O diretor do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, anunciou ontem que seu país já produziu 17 kg de urânio enriquecido a 20%, uma prova da determinação de Teerã de seguir adiante com suas atividades nucleares, apesar da imposição de novas sanções pe­­lo Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Uni­­das (ONU). Em abril, a Agência Inter­­na­­cional de Energia Atômica (AIEA) estimou que o país havia enriquecido 5,7 kg de urânio a 20%.

"Temos capacidade para produzir 5 kg por mês, mas não temos pressa", disse Salehi. "Não queremos produzir nada que não precisamos e não queremos converter toda nossa reserva de urânio para 20%. Então, produzimos urânio enriquecido em 20% de acordo com nossas necessidades."

As atividades iranianas de en­­riquecimento de urânio estão no centro de um impasse com o Oci­­dente, que teme que o país esteja buscando armas nucleares. Em fevereiro, o Irã começou a enriquecer urânio a 20%. A intenção seria fabricar combustível para um reator médico.

O anúncio alarmou os EUA, os países europeus, a Rússia e a Chi­­na. Há duas semanas, o CS da ONU aprovou um novo pacote de sanções ao Irã. O governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad, no entanto, parece ter ignorado as medidas, que atingiram diretamente o comércio e o setor militar iraniano. De acordo com Teerã, seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos e seu objetivo é produzir eletricidade.

A notícia de que o Irã tem o triplo do que se calculava de urânio enriquecido a 20% causou preocupação entre norte-americanos e europeus, que viram a medida como um passo importante na produção do tipo de urânio apto para ser usado em armas atômicas. Para isso, seria necessário o enriquecimento a 90%. No entanto, de acordo com especialistas, não é necessário um salto tecnológico muito grande entre um patamar e outro.

Para se obter combustível para um reator, o urânio é enriquecido entre 3% e 5%. Para uma bomba nuclear, no entanto, além de 1.700 kg de urânio, é preciso enriquecê-lo a 90%, o que exige um procedimento mais sofisticado. Em abril, analistas norte-americanos calcularam que, no ritmo atual, o Irã precisaria de três a cinco anos para construir uma bomba nuclear.

"Exagero"

Ontem, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, qualificou as novas sanções como "atos confusos". Segundo Khamenei, a adoção da resolução e o "irrealista exagero das sanções", acompanhadas de "ameaças militares" são indicações da arrogância das potências com o Irã.

Na segunda-feira, o porta-voz do Ministério de Assuntos Exte­­riores iraniano, Ramin Mehman­­parast, disse que a União Euro­­peia (UE) está seguindo "uma estratégia errônea" ao tentar es­­tabelecer sanções unilaterais contra o Irã. "O acompanhamento das medidas unilaterais dos Estados Unidos é uma estratégia errônea que, do nosso ponto de vista, não vai ter resultado al­­gum", disse Meh­­manparast em sua habitual entrevista coletiva semanal em Teerã.

"Nós seguiremos com nossas políticas e aconselhamos aos europeus que aproveitem as oportunidades para ampliar a cooperação", acrescentou.

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