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Na entrada da exibição, um pôster mostra um capacete com a Estrela de Davi colocado sobre outros que carregam a suástica nazista. Dentro do local, a Estátua da Liberdade aparece segurando um livro sobre o Holocausto ao mesmo tempo em que realiza uma saudação nazista.

Os organizadores da mostra realizada em Teerã, na qual são apresentados vários dos desenhos participantes do Concurso Internacional de Cartuns sobre o Holocausto, pretende desafiar os tabus do Ocidente a respeito do Holocausto, em que 6 milhões de judeus foram mortos mas o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, chamou de "mito."

- Este é um teste sobre as fronteiras da liberdade de expressão defendida pelos países ocidentais - afirmou Masoud Shojai-Tabatabai, chefe da Casa do Cartum, que ajudou a organizar a exibição.

Em fevereiro, o jornal "Hamshahri", o mais vendido do Irã, lançou um concurso para descobrir o melhor cartum sobre o Holocausto. A idéia da competição apareceu depois da publicação, em setembro, na Europa, de desenhos a respeito do profeta Maomé considerados ofensivos.

Essas imagens fizeram com que embaixadas européias de países muçulmanos fossem atacadas, entre as quais missões diplomáticas presentes no Irã.

- Queremos desafiar os tabus europeus. Por que questionar se o Holocausto é um tabu? - perguntou Shojai. - Por que todos os que falam sobre isso deveriam ser presos ou multados? - acrescentou.

Em países europeus como a Alemanha e a Áustria é crime negar que o Holocausto tenha acontecido. O presidente do Irã qualificou-o recentemente de "mito" e disse que a questão deveria estar aberta ao debate. Vários países ocidentais criticaram Ahmadinejad por essas declarações.

O plano inicial do concurso com cartuns sobre o Holocausto provocou uma enxurrada de condenações e revolta em alguns países, entre os quais os EUA, que consideraram a idéia "ultrajante."

O jornal iraniano, então, mudou as regras da disputa e passou a aceitar qualquer desenho que questionasse os limites da "liberdade de expressão."

O concurso, de cuja realização participou também a Casa do Cartum - uma organização que reúne cartunistas -, deve terminar no dia 14 de setembro. Até agora, segundo Shojai, 1.193 cartuns foram enviados de 61 países. Entre os trabalhos, os juízes escolheram 204 para integrar a mostra realizada em Teerã.

Várias das imagens mostravam o ditador Adolf Hitler. Em um dos desenhos, Hitler aparece sorrindo atrás do presidente dos EUA, George W. Bush, enquanto bombas com a Estrela de Davi caíam do céu. Um outro mostrava uma tartaruga com um símbolo dos EUA colocando ovos ostentando a Estrela de Davi.

O concurso foi avaliado de forma positiva por alguns jovens que compareceram à mostra na quarta-feira, dois dias depois da abertura dela.

- Após o Holocausto ter sido questionado pelo presidente, nós passamos a ter dúvidas reais a respeito dele - afirmou Maryam Zadkani, 23, uma desenhista gráfica.

- Vim para ver o que os cartunistas de várias partes do mundo pensam a respeito do Holocausto - afirmou.

Os finalistas do concurso devem ser anunciados no dia 2 de setembro. Os primeiro, segundo e terceiro colocados vão receber US$ 12 mil, US$ 8 mil e US$ 5 mil, respectivamente.

- O governo não está patrocinando a competição - disse Shojai, que não quis revelar quem pagaria as premiações.

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