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Direitos humanos

Irã do presidente Rouhani liberta prisioneiros políticos

Advogada Nasrin Sotoudeh tinha sido condenada a seis anos de prisão em 2010 por defender jornalistas e ativistas como a Nobel da Paz Shirin Ebadi | Abedin Taherkenareh/Efe
Advogada Nasrin Sotoudeh tinha sido condenada a seis anos de prisão em 2010 por defender jornalistas e ativistas como a Nobel da Paz Shirin Ebadi (Foto: Abedin Taherkenareh/Efe)
Nasrin em casa com a família: os filhos Nima e Mahraveh, e o marido, Reza Khandan |

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Nasrin em casa com a família: os filhos Nima e Mahraveh, e o marido, Reza Khandan

Mensagens em contas oficiais do regime iraniano no Twitter e no Facebook parecem orquestradas nas últimas semanas para mostrar um novo Irã, tolerante, participativo e aberto ao diálogo.

A poucos dias da primeira viagem do presidente Hassan Rouhani ao exterior — mais precisamente aos EUA, onde fará sua estreia no púlpito da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na próxima terça-feira — o governo iraniano libertou ontem 11 presos políticos. Todos são ativistas políticos ou de direitos humanos detidos arbitrariamente há três anos, na repressão violenta aos protestos de rua que se seguiram à eleição presidencial de 2009.

Mas, se no Irã de 2009 os opositores do chamado Movimento Verde pareciam respaldados pela indignação e pelo repúdio ao regime, além de um quê de ideologia libertária, no Irã de 2013, a oposição assiste, ao lado do novo presidente eleito, a uma onda de pragmatismo.

Os prisioneiros foram libertados sem aviso prévio. Entre eles, a conhecida advogada Nasrin Sotoudeh, que defendeu jornalistas e ativistas de direitos humanos como a prêmio Nobel da Paz Shirin Ebadi. Ela havia sido condenada em 2010 a seis anos de prisão por "fazer propaganda antirregime" e ameaçar a segurança nacional.

"Fui levada num carro da prisão de Evin a minha casa. Eles pareciam bastante certos de que estou livre e não preciso voltar à cadeia", contou Nasrin, ainda incrédula, ao diário britânico Guardian.

Observadores creditam a libertação a uma estratégia para amenizar as críticas pela violação de direitos humanos.

A nova estratégia de Teerã parece ser ainda mais ampla. Após uma semana repleta de rumores acerca da disposição iraniana em retomar as negociações nucleares com os EUA, o presidente deu sua primeira entrevista a uma tevê ocidental, a NBC. E garantiu: "O Irã nunca vai desenvolver armas nucleares sob circunstância alguma. Eu tenho total autoridade para fazer um acordo nuclear com o Ocidente".

Teerã espera diplomacia no impasse nuclear

As declarações de ontem foram o ponto alto de uma semana em que Rouhani e o presidente americano, Barack Obama, admitiram ter trocado cartas pessoais nas quais expressaram o desejo de resolver o impasse nuclear por meios diplomáticos.

Na segunda-feira, aliás, fontes da revista alemã Der Spiegel afirmaram que Rouhani estaria disposto a abrir as usinas iranianas à inspeção internacional, incluindo a mais moderna, o complexo subterrâneo de Fordo, onde, acredita-se, haja 696 centrífugas em operação, já trabalhando no enriquecimento de urânio a 20%.

Em troca, o regime esperaria a suspensão de algumas das sanções americanas e europeias, principalmente, o fim do embargo ao petróleo e às proibições de operação do Banco Central do Irã. Até uma figura mais linha-dura, como o ex-chanceler e atual chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, disse esperar que até o fim do ano no calendário persa (que vai até março de 2014), haja avanços na questão nuclear. Embora não se saiba até que ponto o Irã está disposto a ceder, analistas consideram a mudança de tom dramática.

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