O Irã e seis potências mundiais chegaram a um acordo na manhã deste domingo (24) para frear o programa nuclear de Teerã em troca de um alívio nas sanções sofridas pelo país, no que poderia ser o primeiro sinal de uma reaproximação com o Ocidente.
Com o objetivo de acabar com um perigoso impasse, o acordo entre o Irã e Estados Unidos, França, Alemanha, Grã-Bretanha, China e Rússia foi fechado depois de mais de quatro dias de negociações duras na cidade suíça de Genebra.
Interromper os esforços nucleares do Irã foi projetado como um pacote de medidas de construção de confiança para minimizar décadas de tensões e confrontos. Além disso, tem como objetivo acabar com o espectro de uma guerra no Oriente Médio por conta das as aspirações nucleares de Teerã.
Mas Israel denunciou-o o acordo com o "um mau negócio", e disse que não iria ficar preso a ele. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu classificou o acordo como um erro histórico.
"O que foi acertado em Genebra não é um acordo histórico, é um erro histórico", afirmou Netanyahu. "Hoje o mundo se tornou um lugar mais perigoso porque o regime mais perigoso do mundo deu um passo significativo na direção de desenvolver a arma mais perigosa do mundo", emendou.
A chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, que coordenou as negociações com o Irã em nome das grandes potências, disse que o acordo abriu espaço para se alcançar uma solução abrangente para o tema.
"Este é apenas o primeiro passo", afirmou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, em entrevista coletiva. "Precisamos começar a se mover para restaurar a confiança."
Análise: acordo com Irã pode diminuir o risco de bomba
Apontado por Israel como um "mau negócio", o acordo entre o Irã e seis potências mundiais para restringir o programa nuclear iraniano deve, no entanto, tornar mais difícil a fabricação de uma bomba atômica por Teerã.
O acordo provisório deste domingo tem como objetivo paralisar a expansão das atividades atômicas iranianas e ganhar tempo para a negociação de um acordo final para o impasse nuclear que já dura uma década.
No entanto, por enquanto, o Irã vai manter milhares de centrífugas refinando urânio, embora abaixo do nível de concentração necessário para fabricar armas nucleares, e um estoque do material que poderia ser usado para bombas caso fosse ainda bem mais processado.
"O acordo provisório trouxe conquistas", afirmou o especialista, David Albright, do Instituto de Ciência e Segurança Internacional (Isis, na sigla em inglês).
Segundo ele, o acordo eliminaria o estoque de gás de urânio refinado a uma pureza de 20 por cento, fonte de grandes preocupações do Ocidente.
Pelo acordo, o Irã deve paralisar o enriquecimento em graus mais altos e também diluir ou converter a sua reserva de material altamente enriquecido em um formato que não permite o reprocessamento, de acordo com um comunicado norte-americano.
Quando isso for feito, o tempo que levaria para o Irã produzir quantidade suficiente de urânio altamente enriquecido para uma bomba atômica aumentaria de pelo menos 1 a 1,6 mês para pelo menos 1,9 a 2,2 meses, se Teerã usasse todas as suas centrífugas instaladas, disse Albright, por e-mail.
"Isso pode parecer pouco, mas com a AIEA checando diariamente o filmado pela câmera de Natanz e Fordow, esse aumento é significativo", afirmou ele, se referindo à Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas.
O Irã se comprometeu a dar aos inspetores da AIEA acesso diário a suas instalações de enriquecimento em Natanz e Fordow, segundo os EUA. Essas usinas são as que provocam maior controvérsia.
"Esse acesso vai dar ainda mais transparência ao enriquecimento e diminuir o tempo necessário para se detectar algum descumprimento", diz o comunicado norte-americano.