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O Irã criou uma nova realidade em sua disputa nuclear com grande parte do mundo ao desenvolver a capacidade de enriquecer urânio enquanto as potências ocidentais adotam uma estratégia que ainda não deu resultados, dizem diplomatas associados à AIEA.

Depois de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ter relatado na semana passada que os iranianos não haviam atendido às demandas da Organização das Nações Unidas (ONU), enviados dos EUA, da Grã-Bretanha e da França passaram a defender que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução com poder de lei. A resolução exigiria do país islâmico a suspensão de seu programa de enriquecimento de urânio.

Mas o Irã não deve se curvar a essa demanda, ainda mais após ter conseguido superar alguns entraves tecnológicos e ter produzido urânio pouco enriquecido, apto a ser usado como combustível em usinas nucleares, dizem diplomatas ligados à AIEA.

As pressões lideradas pelos Estados Unidos para que a ONU adote sanções levaram o Irã a suspender as inspeções surpresa realizadas pela agência em instalações nucleares, aumentando a incerteza sobre as atividades conduzidas pelos iranianos.

Os diplomatas também argumentam que a estratégia ocidental de ignorar os temores do país islâmico na área de segurança pode estar motivando, em parte, o que o Ocidente suspeita ser uma busca secreta por bombas atômicas.

"A fixação do Ocidente, especialmente dos EUA, em 'negar' a capacidade de enriquecimento de urânio ao Irã é uma política estúpida e um fracasso comprovado pelo fato de o país ter adquirido a capacidade de fazê-lo", disse um importante diplomata familiarizado com o dossiê mais recente da AIEA sobre o país islâmico.

"Há poucas dúvidas de que o Irã pretende, algum dia, ser capaz de enriquecer o urânio até o nível necessário para fabricar uma bomba atômica. Mas a única forma de impedir isso é dar garantias na área de segurança e do comércio. E apenas os norte-americanos podem oferecer isso, via negociações diretas", afirmou.

O governo dos EUA cortou relações com o Irã depois da Revolução Islâmica (1979). Os norte-americanos classificam o país islâmico como a maior ameaça atual à paz mundial e como um candidato a uma operação de "mudança de regime". A possibilidade de os iranianos serem atacados não foi descartada pelos EUA.

DESCONFIANÇA ALIMENTA CRISE

O governo iraniano afirma desejar a tecnologia nuclear apenas para produzir energia. O país insiste ter o direito de dominar a energia atômica para fins pacíficos segundo prevê o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT).

Em três anos de investigação, a AIEA nunca encontrou provas de que o Irã possua um programa nuclear para fins militares.

A Rússia e a China, importantes parceiros comerciais do Irã, não acreditam que o país represente uma ameaça imediata e desejam que o Conselho de Segurança devolva a questão para a AIEA. Os dois países são membros permanentes do Conselho e poderiam bloquear a eventual adoção de sanções.

Mas o Irã alimentou a desconfiança de grande parte da comunidade internacional por ter mantido seu programa de enriquecimento de urânio escondido da AIEA por 18 anos. O país ainda se desvia dos esforços da agência para investigar a questão e já defendeu várias vezes a destruição de Israel.

Os governos chinês e russo também exigem que o Irã prove que não está tentando desenvolver armas nucleares. Mas alguns países em desenvolvimento sentem que o governo iraniano tem o direito de dominar a tecnologia atômica, direito esse que uma campanha alimentada pelos EUA tentaria negar.

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