O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse ontem que o Irã está disposto a aceitar proposta da ONU pela qual Teerã enviaria seu urânio para ser enriquecido em outro país, recebendo em troca combustível nuclear.
A declaração, feita à tevê estatal, surge dois dias depois de jornais americanos terem revelado que os EUA preparam a instalação de um sistema de defesa no golfo Pérsico, em prevenção a um possível ataque balístico do Irã cujo programa nuclear e mísseis de longo alcance preocupam a região.
Ahmadinejad disse "não ver problema" em repassar ao Ocidente estoques de urânio com baixo nível de enriquecimento (3,5%) e recuperá-los, "quatro ou cinco meses depois", sob a forma de urânio enriquecido a 20% destinado a alimentar as centrais iranianas.
Até então, Teerã vinha dando respostas evasivas sobre uma proposta costurada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, que pretendia conciliar o direito de o Irã ter um programa nuclear civil e o temor de alguns países de que Teerã busque em sigilo um arsenal atômico.
Pela proposta, o Irã, que nega querer a bomba, enviaria mais de dois terços de seu estoque de urânio pouco enriquecido para Rússia e França. Nesses países, ele seria enriquecido um pouco mais e moldado para fins medicinais, em nível inadequado para a bomba, que exige 80%. O envio visa garantir que Teerã não teria em mãos quantidade suficiente do material para a arma que o Irã nega querer.
Países ocidentais haviam interpretado a inicial relutância iraniana como um "não" à proposta e já manobravam para reforçar as sanções econômicas da ONU contra Teerã. Um porta-voz dos EUA disse que o Irã deve conversar com a AIEA se estiver de fato disposto a um acordo nuclear.
Montanhistas
Em outro aceno, Ahmadinejad ofereceu ontem libertar três montanhistas americanos presos em julho, acusados de entrar ilegalmente no Irã, em troca da libertação de 11 iranianos detidos nos EUA. Ahmadinejad disse que há "conversas em curso", mas não ficou claro se ele se referia a contatos entre autoridades dos países.