O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante visita a Istambul: “Acordo pode abrir portas para solução da crise”| Foto: Murad Sezer/Reuters

Justiça solta cineasta sob fiança

Folhapress, em São Paulo

A Justiça do Irã ordenou ontem a libertação mediante fiança do aclamado cineasta iraniano opositor Jafar Panahi (foto), detido no começo de março e em greve de fome há cerca de uma semana.

"No encontro que tivemos na quinta, decidimos aceitar o seu pedido para ser libertado até que haja audiência sobre seu caso’’, disse o promotor de Teerã, Abbas Dolatabadi. O promotor não informou o valor da fiança.

O cineasta, de 49 anos, apoiou o candidato de oposição Mir Hossein Mousavi na reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, em junho de 2009, e foi preso com sua mulher e a filha – depois libertadas.

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O Irã apresentou ontem formalmente à AIEA (agência nuclear da ONU) a proposta elaborada sob mediação do Brasil e da Tur­­quia para romper o impasse acerca do seu programa nuclear e cobrou que as potências aprovem o acordo para "restaurar a confiança’’. A AIEA agora levará a oferta aos principais negociadores – Esta­­dos Unidos, França e Rússia.

Um porta-voz do governo norte-americano disse que Wa­­shing­­ton, Paris e Moscou apresentarão uma resposta conjunta nos próximos dias.

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Os três países já sinalizaram que rejeitarão a oferta, apesar de ela atender a exigências formuladas por escrito pela Casa Branca – como o compromisso do Irã junto à AIEA, já oficializado.

Sob pretexto de que o plano não supõe o fim do enriquecimento de urânio pelo Irã, os EUA mantêm planos de apresentar em junho ao Conselho de Segurança uma resolução para reforçar sanções econômicas a Teerã. A França diz ter apoio suficiente para aprová-las.

Na carta entregue ontem pelos embaixadores iraniano, brasileiro e turco na AIEA ao diretor-geral da agência, Yukiya Amano, o Irã diz esperar que EUA, França e Rússia respondam positivamente ao plano finalizado durante visita de Luiz Inácio Lula da Silva a Teerã no dia 17.

Pelo acordo, o Irã se compromete a enviar 1.200 kg de seu estoque de urânio pouco enriquecido à vizinha Turquia para em um ano receber de volta 120 kg do ma­­­terial processado a 20% para uso em pesquisa médica.

Ao aceitar os termos do pacto, Teerã atende a pedido das potências para que o seu urânio não seja enriquecido dentro do próprio território.

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Confiança

O secretário-geral da Organi­­za­­ção da ONU, Ban Ki-mo­­on, afirmou que o acordo para troca de urânio por combustível nuclear com o Irã pode ser uma medida de construção de confiança se en­­dossado pela AIEA, abrindo ca­­minho para uma solução ne­­­­gociada para o impasse nuclear.

"Se aceito e implementado, ele pode servir como uma importante medida de construção de confiança e abrir as portas para uma solução negociada para a questão nuclear iraniana", disse Ban após reunião com o diretor-geral a AIEA, Yukiya Amano.

O secretário-geral disse que Teerã "deve mostrar maior transparência a respeito de seu programa nuclear" e enfatizou a "importância da completa cooperação do Irã com a AIEA".