O governo dos Estados Unidos, que antes estimava que o Irã estivesse a cinco anos de obter sua bomba atômica, agora calcula que isso não ocorreria em menos de dez anos, diz a edição desta terça-feira do jornal "The Washington Post".

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A informação vem à tona enquanto a comunidade internacional ainda tenta dissuadir o Irã de manter suspensas as atividades de seu programa nuclear, que Teerã diz ser pacífico e apenas para geração de energia. No fim de semana, num impasse diplomático com negociadores da União Européia, o Irã anunciou que retomaria nesta semana as atividades de enriquecimento de urânio - o que está previsto para ocorrer nesta quarta-feira, depois da instalação de câmeras de vigilância da agência nuclear da ONU, a AIEA, na usina de Isfahan.

Nesta terça-feira, o Irã disse que sua decisão sobre a retomada da produção de combustível nuclear não tem retorno - uma medida que o ministro de Relações Exteriores da França, Philippe Douste-Blazy, disse que poderia desencadear uma crise internacional de grandes proporções.

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A nova estimativa americana, porém, revela que pode haver mais tempo para a diplomacia e explicar, em parte, a reação relativamente moderada dos EUA à retomada do programa nuclear iraniano. Washington ameaçou pedir sanções no Conselho de Segurança da ONU, mas manteve algum comedimento em suas acusações.

O "Washinton Post" cita "fontes governamentais com conhecimento direto da nova análise" ao relatar que "uma profunda revisão de inteligência projeta que o Irã está mais ou menos a uma década de manufaturar os ingredientes fundamentais para uma arma nuclear".

Em janeiro de 2002, o presidente George W. Bush referiu-se ao Irã como parte do "eixo do mal", um conjunto de nações hostis que incluía na época o Iraque de Saddam Hussein e a stalinista Coréia do Norte. Washington acusou esses países de ter ou perseguir armas químicas, nucleares e biológicas. No caso do Iraque, a invasão mostrou que acusação era infundada.

O "Post" assinala que a nova "avaliação representa um consenso entre as agências de espionagem e análise americanas e contrasta com as declarações públicas da Casa Branca".

"Os funcionários do governo tem afirmado, sem oferecer provas, que Teerã trabalha de maneira resoluta para produzir um arsenal nuclear", diz o jornal. "A nova avaliação poderia dar mais tempo para a diplomacia com o Irã, a respeito de suas ambições nucleares."

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