Desafio
Acordo nuclear teria de buscar a recuperação da economia iraniana
Agência Estado
O ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Yuval Steinitz, reforçou as preocupações do líder israelense ao defender ontem que somente a manutenção das sanções do Ocidente contra o Irã será capaz de impedir que a República Islâmica busque a bomba atômica.
Na avaliação de Steinitz, se forem confrontados com uma escolha verdadeira entre o bem-estar econômico e a manutenção de seu programa de enriquecimento de urânio, os iranianos tenderiam a abandonar suas ambições nucleares.
Para tanto, segundo ele, seria necessário um acordo capaz de recuperar a economia iraniana, submetida a anos de sanções externas.
O enriquecimento de urânio ao qual Steinitz se referiu é um processo essencial para a geração de combustível usado no funcionamento das usinas nucleares. Em grande escala, o urânio enriquecido pode ser usado para carregar ogivas atômicas.
Civil
O Irã, por sua vez, assegura não ter a intenção de buscar a bomba atômica, sustenta que seu programa nuclear é civil e tem finalidades estritamente pacíficas, como a geração de energia elétrica e o desenvolvimento de isótopos medicinais, estando de acordo com as normas do Tratado de Não Proliferação Nuclear, do qual é signatário. O novo presidente, no entanto, afirmou que seu país está pronto para atender às demandas internacionais para reduzir suas atividades nucleares e estabelecer a confiança.
Passo
Não há expectativa de que um acordo seja firmado nos dois dias de negociação em Genebra. Mas se os iranianos conseguirem conquistar a confiança dos EUA e dos aliados deles (Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha), seria o primeiro passo para um acordo que pode ser o mais viável desde de que começaram as negociações sobre o programa nuclear do Irã, que teve início em 2003.
O Irã prometeu apresentar uma nova proposta para resolver o impasse sobre seu programa nuclear na retomada das negociações com os EUA e outras cinco grandes potencias mundiais. Hoje começa em Genebra a primeira reunião desde a eleição do presidente iraniano Hassan Rouhani, em junho do ano passado.
De acordo com o negociador nuclear iraniano Abbas Araghch, a nova proposta tem por objetivo dispersar as dúvidas sobre seu programa nuclear. Embora não tenha oferecido detalhes sobre o assunto, Araghch disse que a República Islâmica deve "entrar em um caminho para conquistar a confiança com o Ocidente."
"No ponto de vista deles, a construção da confiança significa avançar alguns passos no assunto nuclear e em nossa visão a confiança se formará quando as sanções forem suspensas", afirmou Araghchi.
Já o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que uma nova reunião ministerial com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas mais a Alemanha, grupo conhecido como P5+1, será "necessária" após as negociações em Genebra, na Suíça.
"Espero sermos capazes de criar um roteiro até quarta-feira, mas provavelmente será necessária uma nova reunião ministerial", escreveu Zarif em sua página no Facebook na noite de domingo.
Os EUA e seus parceiros estão agindo com cautela em relação à retomada das negociações com o Irã e insistem que é preciso mais do que palavras para que elas avancem e possam colocar um fim nas sanções internacionais ao país.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a pedir que a comunidade internacional mantenha pressão firme sobre a República Islâmica até que o país interrompa seu programa de enriquecimento de urânio que eventualmente pode ser usado para produzir uma bomba atômica.
Netanyahu afirmou ontem diante do Parlamento de Israel que o Irã está apenas tentando ganhar tempo e fazer com que o mundo retire as sanções contra o país sem fazer qualquer concessão significativa em suas ambições nucleares.
"O Irã está disposto a oferecer pouco e receber muito, se não tudo", afirmou Netanyahu, "Seria um erro histórico reduzir a pressão agora, exatamente quando as sanções estão prestes a garantir seu objetivo."