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Bruxelas – O Irã acelerou o enriquecimento de urânio em lugar de interrompê-lo, num claro desafio ao ultimato do Conselho de Segurança da ONU, disse ontem a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entidade da ONU para questões nucleares. É o que diz o relatório do diretor dessa agência, Mohamed El Baradei, para quem o país islâmico não fornece informações que atenuem as suspeitas de que ele quer chegar às armas nucleares.

O CS havia dado um prazo de 30 dias para que o Irã cessasse a produção de combustível nuclear. O prazo expirou ontem.

"Depois de mais de três anos de esforços da agência para esclarecer aspectos do programa nuclear iraniano, as dúvidas a seu respeito continuam a ser objeto de preocupações’’, disse El Baradei. Ele pediu "ativa cooperação do Irã".

O relatório coloca a crise iraniana em novo patamar e abre a possibilidade de o Conselho de Segurança adotar sanções, o que não ocorreria imediatamente.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou que "a intransigência iraniana é inaceitável’’. Mas deixou claro que pretende lidar com a crise no plano diplomático. "A diplomacia apenas começou", disse, no dia em que um relatório do Departamento de Estado disse que o Irã "lidera" os Estados que apóiam o terrorismo (veja texto ao lado).

O presidente norte-americano também disse que os iranianos devem compreender o desejo internacional de "convencê-los pacificamente a abrir mão de suas ambições bélicas’’.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, lançou um desafio. "Aqueles que querem bloquear os iranianos de exercer seus direitos devem saber que não ligamos para essas resoluções’’, afirmou.

"O relatório (da AIEA) não contém pontos negativos. Ele mostra que a agência ainda tem a capacidade de rever o caso nuclear do Irã", disse Mohammad Saeedi, vice-líder da Agência de Energia Atômica do Irã à rádio estatal do país islâmico.

A exemplo de Bush, as reações deixaram explícita a opção pelas negociações diplomáticas e minimizam a alternativa de um bombardeio do Irã que destruiria suas instalações nucleares.

O ministro britânico das Relações Exteriores, Jack Straw, disse que seu governo pedirá ao Conselho de Segurança que aumente as pressões sobre o Irã. O ministro francês do Exterior, Philippe Douste-Blazy, qualificou a situação de "preocupante’’. Mas disse que "as portas das negociações permanecem abertas’’. A Rússia e a China, membros permanentes do Conselho de Segurança, querem evitar sanções que prejudiquem os contratos que têm no Irã.

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