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O Irã instalou duas redes de 164 centrífugas cada em sua usina nuclear subterrânea de Natanz, abrindo caminho para o enriquecimento de urânio para a produção de combustível atômico "em escala industrial", disseram fontes diplomáticas européias nesta segunda-feira.

Essas redes de centrífugas devem ser testadas a vácuo em breve, sem urânio dentro, e se tudo funcionar o material será acrescido em seguida, de acordo com as fontes.

As 328 centrífugas seriam a vanguarda de uma futura rede de três mil dessas máquinas, a serem instaladas nos próximos meses.

Nas últimas semanas, o Irã completou os preparativos - instalação de canos, cabos e outros equipamentos - para iniciar o funcionamento da enorme usina subterrânea. A usina de Natanz é fortificada e cercada por baterias antiaéreas, localizada no meio do deserto iraniano.

Ligar essas centrífugas é algo que deve complicar o atual impasse nuclear do Irã com o Ocidente. Desde dezembro, o programa atômico iraniano está submetido a sanções da ONU devido às suspeitas, principalmente americanas, de que essas atividades sejam voltadas para o desenvolvimento de armas nucleares. Teerã diz que o único objetivo é gerar eletricidade com fins civis.

O Irã promete anunciar no dia 11, no auge dos dez dias de celebrações do aniversário da Revolução Islâmica de 1979, um "significativo" progresso em seu programa nuclear. Diplomatas dizem que esse anúncio está ligado à instalação das centrífugas.

Um diplomata europeu em Viena, onde fica a sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), confirmou a instalação das duas redes, chamadas "cascatas", mas disse que elas ainda não estão funcionando.

- Os iranianos parecem intencionados a terem cerca de seis cascatas (por volta de mil centrífugas) instaladas até a primavera (boreal), e o resto das três mil até por volta de junho - afirmou.

Outro diplomata europeu disse que elas serão ligadas nos próximos dias para funcionar a vácuo durante alguns dias.

- Se isso for bem-sucedido, o UF6 (gás à base de urânio) será acrescido - disse o diplomata.

Ao todo, o Irã pretende instalar 54 mil centrífugas em Nataz no longo prazo. Teerã não se manifestou nesta segunda-feira, mas na sexta-feira havia negado rumores de que a instalação das centrífugas começara.

Tampouco a AIEA quis comentar o fato. A agência envia no dia 21 deste mês ao Conselho de Segurança um relatório sobre as atividades iranianas de enriquecimento de urânio, o que pode gerar novas sanções do Conselho.

O Ocidente, EUA à frente, acusa o Irã de desenvolver armas nucleares, o que a República Islâmica nega. Trabalhando ininterruptamente, as três mil centrífugas poderiam em um ano gerar material para uma bomba atômica.

Uma possível ofensiva militar contra o Irã levanta críticas da comunidade internacional. Um relatório divulgado nesta segunda-feira afirmou que uma ação militar contra o país teria conseqüências desastrosas.

Durante meses, a República Islâmica manteve duas redes experimentais com 164 centrífugas em Natanz, funcionando vazias ou enriquecendo pequenas quantidades de urânio. O desafio à produção de grandes quantidades do material nuclear é fazer as centrífugas girarem durante muito tempo sem superaquecimento ou vibrações.

Analistas dizem que, mesmo que o Irã tenha as três mil centrífugas em junho - o que não é garantido, como mostram atrasos anteriores -, o país ainda levaria mais um ano para resolver problemas técnicos e gerar quantidades significativas de combustível atômico.

Por isso, o diretor da AIEA, Mohamed El Baradei, defende que ainda há tempo de sobra para que o Irã e o Ocidente resolvam esse problema diplomaticamente.

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