O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou nesta terça-feira (5) que a Arábia Saudita não pode “encobrir” seu crime por executar um importante clérigo xiita cortando relações com Teerã, mesmo que os aliados do reino também comecem a limitar seus laços com os iranianos.
Kuait segue Arábia Saudita e convoca embaixador no Irã
O Kuait chamou de volta seu embaixador no Irã nesta terça-feira (5), disse a agência de notícias estatal Kuna, seguindo o movimento da Arábia Saudita e aliados regionais em se afastar diplomaticamente de Teerã devido ao ataque contra a embaixada saudita por manifestantes iranianos.
Segundo a chancelaria do Kuait, os ataques realizados contra instalações sauditas em Teerã, no sábado (2), “constituem uma flagrante infração de convenções internacionais e a violação dos compromissos internacionais do Irã com relação à segurança e à proteção de missões diplomáticas em seu território”.
Não está claro como a decisão do governo do Kuait afetará suas relações diplomáticas com o regime iraniano.
As declarações de Rouhani são feitas após o Kuwait anunciar que estava retirando seu embaixador no Irã, por causa de ataques contra missões diplomáticas sauditas na República Islâmica.
A execução no fim de semana do xeque Nimr al-Nimr, um clérigo xiita e figura de oposição na Arábia Saudita, acirrou a rivalidade regional entre Arábia Saudita e Irã. O episódio ameaça acabar com os já frágeis esforços de paz, diante das guerras na Síria e no Iêmen.
Em comunicado divulgado em seu site oficial, é dito que Rouhani discutiu a atual disputa diplomática com o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Kristian Jensen, que visita o Irã.
“O governo saudita adotou uma ação estranha e cortou suas relações diplomáticas com a República Islâmica do Irã para encobrir seus crimes de enforcar um líder religioso em seu país”, afirmou Rouhani. “Sem dúvida, tais ações não podem encobrir aquele grande crime.”
Ironia
Mais cedo, um porta-voz do governo ironizou a decisão saudita. “A ruptura de relações da Arábia Saudita e seus vassalos [se referindo aos países que seguiram a decisão de Riad] não tem nenhum efeito no desenvolvimento do Irã”, afirmou o porta-voz Mohamad Bagher Nobajt.
“A Arábia Saudita sofrerá pelas relações com o Irã, inclusive se contar com o apoio de um grande país como Djibuti”, ironizou Nobajt em sua tradicional entrevista coletiva semanal.
A imprensa iraniana também ironizou o fracasso da Arábia Saudita em mobilizar um número importante de países da região contra o Irã.
Tensão
O impasse diplomático entre o Irã e o reino começou no sábado, quando a Arábia Saudita executou o clérigo xiita xeque Nimr al-Nimr e outros 46 condenados por terrorismo. Al-Nimr havia sido condenado por sedição e outros crimes, embora negasse que houvesse incitado a violência.
No Irã, manifestantes responderam atacando a embaixada saudita em Teerã e o consulado do país em Mashhad. No fim do domingo, o ministro das Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, anunciou que o reino cortaria relações com o Irã por causa dos ataques, dando ao pessoal diplomático iraniano 48 horas para deixar o país.
Teerã lamentou os ataques contra missões diplomáticas, em carta à Organização das Nações Unidas, e se comprometeu a prender os responsáveis.
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