Viena O relatório confidencial de Mohammed el Baradei foi curto e direto: o Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA) da Organização das Nações Unidas (ONU) não conseguiu todas as explicações necessárias quanto ao programa nuclear que o Irã manteve em segredo por muito tempo. O motivo é que o governo iraniano "ainda não respondeu" a muitas das perguntas feitas pela autoridade em energia atômica da ONU.
O documento de três páginas também não confirmou os relatórios que pediam que o Irã "reduzisse" seu enriquecimento de urânio (processo que gera combustível para as usinas nucleares). No dia em que o chefe da diplomacia européia, Javier Solana, apresentou ao governo de Teerã a proposta dos cinco países com direito a veto no Conselho de Segurança da ONU e Alemanha, o Irã fazia uma nova tentativa de enriquecimento de urânio em suas usinas, segundo o OIEA. Os técnicos encheram as centrífugas de gás da central nuclear de Natanz com gás hexafluorido de urânio.
Apesar da decisão dos Estados Unidos de participar do diálogo com o governo iraniano e do "pacote de incentivos" oferecido, o OIEA não encontrou nenhum indício de que o país persa vá renunciar a seu enriquecimiento de urânio. Ao contrário: os técnicos iranianos prevêem construir mais centrífugas de gás para acelerar o "objetivo nacional" de conseguir enriquecer urânio. Mas a paralizasão do processo de enriquecimento continua sendo requisito indiscutível para o início das negociações com os cinco países com direito a veto e Alemanha.
Apesar da sua política oficial atual, o Irã não viola nenhum dos acordos sobre energia atômica que assinou. O Tratado de Não-Proliferação Nuclear e o Pacto de Segurança acordado con o OIEA permitem expressamente a investigação nuclear com fins pacíficos, inclusive o enriquecimento de urânio. Mas a postura iraniana não contribui para a "construção da confiança" solicitada tantas vezes pelo chefe do OIEA, El Baradei.
Desde que a Junta de Governadores do OIEA decidiu enviar o "caso Irã" ao conselho de Segurança da ONU e, por causa disso, o Teerã cancelou seus acordos adicionais com o OIEA, a cooperação do Irã com o organismo da ONU foi reduzida ao mínimo.
"Espero que nossa proposta seja examinada cuidadosamente em Teerã e que a força da razão prevaleça", repetiu na última sexta-feira o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier. Do contrário, o país persa é ameaçado de "isolamente autoprovocado". No entanto, as recentes declarações do presidente iraniano, Mahmud Ahmadineyad, não deixa dúvidas de que o Irã não está disposto a renunciar ao enriquecimento de urânio. Apesar disso, o presidente iraniano tem sido mais cauteloso nas últimas declarações, e afirmou que está disposto a negociar, mas não o direito a um programa nuclear pacífico.
Para o cientista de Viena especialista em Irã, Bert Fragner, a postura do país persa não surpreende. O governo iraniano tomou o assunto como uma questão decisiva na sua política interior, diz o jornal "Der Standard". "Não sei por que é tão difícil fazer com que o mundo entenda que as pessoas dali submetem sua política exterior à política interior", diz o jornal.
Além disso, no caso do Irã, também se trata do "reconhecimento do seu próprio progresso". Segundo Fragner, aí está a esperança das possíveis negociações. "Um regime que consegue o reconhecimento mundial do seu progresso e da sua capacidade cultural será muito popular". No final das contas, o Ocidente vai ter de encontrar a forma de "não ferir seu orgulho (de Irã), mas sim alimentá-lo".
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