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Acordos comerciais do Irã na América |
Acordos comerciais do Irã na América| Foto:

Em 2009, país terá eleição

A pouco mais de um ano das eleições presidenciais de 2009, especula-se se o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad será reeleito. No pleito parlamentar deste ano, seus críticos ganharam várias cadeiras, o que mostra um relativo desgaste de seu governo.

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Enquanto o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad aterroriza o mundo com a insistência em levar adiante um programa nuclear e com promessas como a destruição de Israel, na América Latina ele ganha cada vez mais aliados. Desde que chegou ao poder, Ahmadinejad já fez três visitas oficiais à região e fechou acordos comerciais com Bolívia, Venezuela, Nicarágua, Cuba e Brasil.

O último encontro com um líder latino-americano ocorreu na semana passada, em Teerã. O presidente da Bolívia, Evo Morales, viajou ao país persa para tentar agilizar o investimento bilionário prometido pelo Irã ao país andino. Um plano qüinqüenal elaborado no ano passado prevê US$ 1,1 bilhão (R$ 1,79 bilhão) para a construção de plantas energéticas no empobrecido país sul-americano de subsolo rico em gás.

Mas o grande aliado de Ahmadinejad na América Latina é o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Em julho passado, o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, reuniu-se com o líder iraniano para estreitar a cooperação entre os dois países e aprofundar os mais de 200 acordos já firmados, no valor de US$ 20 bilhões.

"Ahmadinejad pretende equilibrar influências (como a dos EUA no Oriente Médio) criando seus próprios aliados", conclui estudo do Council on Hemisferic Affairs, ONG que pesquisa as relações entre países das Américas.

Isolamento

Para o professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Armando Pierre Gauland, a busca do Irã por novas alianças se fez necessária por fatores internos do país, como o aumento do desemprego, inflação e um certo isolamento internacional.

"Como faz parte do ‘eixo do mal’ (lista criada pelos EUA que inclui ainda Iraque, Coréia do Norte, Cuba e Síria) é cada vez mais difícil para o Irã encontrar parceiros econômicos e políticos que não se importem em ter problemas com os Estados Unidos", diz o professor. A estatal brasileira Petrobras tem investimentos no Irã e decidiu mantê-los mesmo com advertências contrárias norte-americanas.

Mais importante do que o fator econômico dessas alianças seria o reforço no posicionamento antiamericano, na opinião da professora aposentada de direito internacional da USP, Georgette Nacarato Nazo. A proximidade da Venezuela traria ao Irã a vantagem de contrariar ainda mais os EUA, tomando carona nas bravatas de Chávez. "Tem mais a ver com política, jogo de poder internacional, do que com economia", diz.

Vantagens

Já Chávez ganha um apoio importante do Oriente Médio, mas também vantagens financeiras, como a promessa de construção de milhares de casas com recursos iranianos e da instalação de uma petroquímica e um centro de treinamento técnico.

"É natural que os países que pretendem manter alguma independência em relação à política norte-americana procurem cooperar entre si e melhorar suas chances de sobrevida", diz o professor de Direito internacional da Fundação Getúlio Vargas, Salem Nasser.

Mas por que o Irã prefere radicalizar o discurso e limitar suas oportunidades de investimento? Ao desafiar o "Ocidente" com a continuação do seu programa nuclear, Ahmadinejad colhe apoio popular dentro de seu país – estratégia muito usada também na política latino-americana.

"Frases de efeito são típicas de governantes populistas, como o de Ahmadinejad, que vem de uma família pobre do interior e foi eleito presidente pregando o aumento da renda dos mais pobres através do petróleo, assim como fez Chávez. Elas não são novidade e servem para criar fatos midiáticos interna e externamente", opina o professor Gauland.

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