O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pediu ontem que os EUA e a Rússia apoiem o acordo nuclear firmado entre Teerã, a Turquia e o Brasil. Ahmadinejad advertiu que essa pode ser a última "oportunidade" para resolver o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano.
"Nós tomamos um passo importante e dissemos algo muito importante. Não há desculpas", afirmou Ahmadinejad, em discurso televisionado, dirigindo-se aos líderes norte-americanos e russos. Pelo acordo, o Irã enviará urânio pouco enriquecido à Turquia, recebendo em troca combustível nuclear para seu reator de pesquisas em Teerã.
Na terça-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, rejeitou o acordo entre Irã, Turquia e Brasil para que a república islâmica troque urânio com baixo enriquecimento por combustível nuclear. Hillary disse que o acordo é um "ardil transparente" do Irã para tentar escapar de mais uma rodada de sanções econômicas.
Governos como os de Washington e Paris têm se mostrado reticentes quanto ao acordo, argumentando que a comunidade internacional precisa manter a pressão sobre Teerã por causa de seu programa nuclear. Os EUA e outras nações temem que os iranianos busquem secretamente produzir armas nucleares, o que o Irã nega.
O presidente iraniano acusou ainda o presidente russo, Dmitry Medvedev, de "ficar do lado daqueles que têm sido nossos inimigos por 30 anos". "Nós esperamos que os funcionários russos prestem atenção, façam mudanças e não deixem os iranianos na linha de frente com seus inimigos históricos."
A Rússia condenou a "demagogia política" e reagiu com raiva às críticas do presidente do Irã à posição russa sobre o impasse do programa nuclear iraniano. "Qualquer imprevisibilidade, extremismo político, falta de transparência ou inconsistência na tomada de decisões...é inaceitável para a Rússia", afirmou o assessor de política externa do Kremlin, Sergei Prikhodko. "Ninguém nunca conseguiu manter sua autoridade através da demagogia política", completou.