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O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, se refugiou em um “lugar seguro” e iniciou investigação dentro do regime contra suposta infiltração de Israel
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, se refugiou em um “lugar seguro” e iniciou investigação dentro do regime contra suposta infiltração de Israel| Foto: EFE/EPA/Gabinete do Líder Supremo do Irã

As recentes ações de Israel (ao menos as atribuídas ao país) estão levando terror a quem pratica terrorismo contra seus cidadãos.

No final de julho, um alerta vermelho disparou no Irã. O então líder político do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto com um dispositivo explosivo que teria sido colocado cerca de dois meses antes na casa onde ele estava hospedado em Teerã, capital iraniana.

O dispositivo escondido foi detonado de forma remota quando Haniyeh estava dentro do quarto onde sempre ficava na casa, informaram fontes da imprensa americana.

O jornal judaico The Jewish Chronicle, sediado em Londres, apurou que o dispositivo foi colocado debaixo da cama de Haniyeh por dois membros da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, recrutados pelo Mossad, a agência de inteligência de Israel, que não admitiu a autoria do ataque.

Horas antes, um comandante de outro grupo terrorista, o Hezbollah, Fuad Shukr, havia sido morto em um ataque aéreo israelense a um esconderijo em Beirute, no Líbano, enquanto se encontrava com um comandante da Guarda Revolucionária. Este ataque foi reivindicado por Israel.

As informações precisas sobre locais e horários dessas lideranças terroristas fizeram o Irã desconfiar de infiltração israelense no seu governo e também nos grupos que Teerã apoia.

Em setembro, veio o inusitado episódio dos pagers e walkie-talkies do Hezbollah que explodiram, matando mais de 30 pessoas (outro ataque que Israel não assumiu a autoria), o que aumentou a paranoia iraniana.

Uma reportagem da semana passada da agência Reuters, citando várias fontes do regime do Irã, apontou que o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, alertou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, para que fugisse do Líbano.

Khamenei despachou um enviado para pedir ao líder terrorista para que fugisse para o Irã, já que relatórios de inteligência indicavam que Israel teria agentes infiltrados dentro do Hezbollah e estava planejando matá-lo. Porém, Nasrallah decidiu permanecer no Líbano.

O mensageiro, um alto comandante da Guarda Revolucionária, o brigadeiro-general Abbas Nilforoushan, morreu ao lado de Nasrallah durante um ataque israelense ao QG do Hezbollah em Beirute em 27 de setembro. No dia seguinte, Khamenei se refugiu em “um local seguro”.

O temor das lideranças do Irã resultou numa grande operação pente-fino deflagrada nos últimos dias.

Membros da Guarda Revolucionária e do alto escalão de segurança, especialmente os que viajam para o exterior com frequência e/ou têm parentes morando fora do Irã, estão sendo investigados e até presos, afirmou uma das fontes da Reuters.

Um membro da Guarda Revolucionária que esteve no Líbano e fez perguntas sobre o paradeiro de Nasrallah, inclusive sobre quanto tempo o líder terrorista permaneceria em locais específicos, foi um dos detidos. Sua família já não morava no Irã. “[Khamenei] não confia mais em ninguém”, disse uma das fontes.

O xeque Nabil Kaouk, alto funcionário do Hezbollah, estava realizando uma investigação sobre as explosões dos pagers e walkie-talkies do grupo terrorista, mas foi morto num ataque de Israel, que também matou em outro bombardeio outras lideranças que participavam da apuração. Centenas de suspeitos haviam sido presos durante a investigação.

Em artigo publicado nesta segunda-feira (7) pelo site da revista saudita com sede em Londres Al Majalla, Lina Khatib, diretora do Instituto do Oriente Médio da Universidade de Londres e pesquisadora do think tank Chatham House, disse que os recentes indícios de infiltração obrigarão o Irã e os grupos terroristas que apoia a rever rigorosamente sua segurança interna, o que pode comprometer suas capacidades de seguir atacando Israel.

“A morte de Nasrallah terá um efeito cascata, limitando a capacidade dos representantes do Irã de agir e coordenar. A campanha de Israel no Líbano está, portanto, servindo como um elemento de dissuasão para todos os grupos na rede de representantes do Irã, que se transformaram de um autointitulado ‘eixo de resistência’ em um eixo de paranoia”, apontou.

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