As forças de segurança iranianas realizaram ontem pelo menos dez prisões, dentre elas a da irmã de Shirin Ebadi, vencedora do prêmio Nobel da Paz de 2003, e a de um parente do líder da oposição Mir Hossein Mousavi, avançando na ofensiva contra o movimento reformista após os protestos desta semana.
Também ontem, um importante clérigo xiita iraniano, o aiatolá Abbas Vaez Tabasi, acusou os líderes da oposição de "inimigos de Deus", cuja punição sob a lei islâmica, a Sharia, é a pena de morte, informou a agência de notícias Fars.
O governo acusou países ocidentais de fomentar a violência, ameaçando "dar um tapa" no rosto da Grã-Bretanha que convocou o embaixador em Londres para uma reunião de emergência. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, cuja reeleição em 12 de junho foi considerada uma fraude pela oposição, disse ontem que os protestos são uma "jogada" que foi "ordenada por sionistas e americanos".
O presidente do Parlamento do Irã, Ali Larijani, afirmou que é favorável à aplicação de uma "pena máxima" contra os "contrarrevolucionários" que protestaram no último domingo, em todo o país, e entraram em confronto com as forças de segurança. O político não explicou se, neste caso, entende que "pena máxima" significa pena de morte.
As novas prisões, além das fortes críticas contra os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, se somam à crescente tensão com o Ocidente, que ameaça impor novas sanções em razão do programa nuclear iraniano e tem criticado a violenta ofensiva aos protestos contra o governo em Teerã.
O Irã disse que oito pessoas morreram nos confrontos de domingo, o pior episódio de violência desde os confrontos ocorridos após as eleições presidenciais em junho.
Retaliação
Shirin Ebadi, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2003 por seus esforços pelos direitos humanos no Irã, disse, de Londres, que ligou para sua irmã na segunda-feira e que ela foi punida por causa da conversa que tiveram.
"Ela foi advertida a não entrar em contato comigo", disse. "Ela foi detida por minha causa. Ela não tem atividade política ou qualquer participação em manifestações."
Noushin Ebadi, professora de medicina em Teerã, foi detida em sua casa por quatro agentes da inteligência na noite de segunda-feira e mandada para uma prisão, segundo um comunicado divulgado pela vencedora do Nobel.
"É preciso lembrar que nos últimos dois meses ela foi intimada várias vezes pelo Ministério da Inteligência, que disse a ela para me persuadir a deixar minhas atividades pelos direitos humanos", diz o comunicado.