O Irã está pronto para começar a instalar 3.000 centrífugas para a produção de combustível nuclear em escala industrial, o que o Ocidente teme que possa levar à fabricação de bombas atômicas, após preparações em uma instalação subterrânea, disseram diplomatas.
Eles referiam-se às conclusões de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que nos últimos dias visitaram o complexo de enriquecimento de urânio de Natanz.
Foi a primeira confirmação independente de declarações feitas por Teerã sobre a iminência da ampliação do programa de enriquecimento, até agora limitado ao nível de pesquisas. Teerã garante que todo o seu programa nuclear é voltado apenas para a geração de eletricidade com fins civis.
O Irã vem tentando desmentir relatos diplomáticos de atrasos provocados por problemas técnicos ou hesitações políticas depois de o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) proibir no mês passado o comércio de itens nucleares com Teerã, devido à recusa iraniana em suspender o enriquecimento de urânio.
``Tudo foi preparado para montar as centrífugas em Natanz para o começo da fase industrial de enriquecimento'', disse um diplomata europeu, que sob anonimato. ``O equipamento já está em no lugar'', disse ele, referindo-se a canos, invólucros e outras peças necessárias para guarnecer o amplo salão subterrâneo onde serão instaladas as centrífugas.
Dois outros diplomatas tinham informações semelhantes. O primeiro afirmou que o governo iraniano ainda não começou o trabalho porque aguarda uma data adequada para anunciar com grande festa a instalação das centrífugas, que giram em velocidades supersônicas para transformar o gás urânio em combustível nuclear.
Uma possível data para o anúncio seria o aniversário da Revolução Islâmica, no começo de fevereiro.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse na segunda-feira, durante visita à América Latina, que a produção de urânio enriquecido em Natanz vai começar a aumentar ``muito em breve, pouco a pouco''.
Os Estados Unidos e a União Européia alertam para sanções ainda mais rígidas da ONU caso o Irã não abandone as atividades de enriquecimento.