O Irã anunciou no domingo a intenção de construir mais dez usinas de enriquecimento de urânio, apenas dois dias depois de ser repreendido pela agência nuclear da ONU por realizar essa atividade em sigilo.
A ousada decisão do governo iraniano deve agravar a tensão entre o Irã e grandes potências mundiais sobre as atividades nucleares iranianas.
Analistas dizem que o anúncio das novas usinas deve intensificar a discussão sobre novas sanções da ONU ao Irã, e, para um deles, aumenta a probabilidade de uma ação militar para suspender o programa atômico de Teerã que, os Estados Unidos e seus aliados, suspeitam ser um disfarce para um programa de armas atômicas, o que o Irã nega.
A Casa Branca condenou o anúncio feito por Teerã. "Se for verdade, seria mais uma séria violação das claras obrigações do Irã sob múltiplas resoluções da ONU e outro exemplo de o Irã escolhendo se isolar", disse nota do porta-voz Robert Gibbs.
"O tempo está se esgotando para que o Irã trate das crescentes preocupações internacionais a respeito do seu programa nuclear."
A Alemanha mostrou "grande preocupação", e o chanceler britânico, David Miliband, lamentou que o Irã "escolha provocar e ludibriar".
Israel, que supostamente tem o único arsenal nuclear do Oriente Médio, sugeriu que poderá atacar instalações atômicas iranianas se a diplomacia fracassar. Washington se opõe publicamente à ideia de ataques preventivos israelenses.
"Lamento dizer que o anúncio do Irã torna um ataque nuclear contra as instalações mais provável. Se for assim, será um ambiente mais rico em alvos", disse Mark Fitzpatrick, analista-chefe para assuntos de proliferação do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres.
As novas usinas devem ter as dimensões do primeiro e maior complexo de enriquecimento nuclear do Irã, em Natanz, e as obras devem começar dentro de dois meses, segundo a emissora estatal Irib.
Ali Akbar Salehi, chefe do programa nuclear iraniano, disse que elas serão construídas em locais protegidos, como "o coração das montanhas".
Na sexta-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) irritou o Irã ao censurar o país por ter construído secretamente uma segunda usina de enriquecimento, subterrânea, perto da cidade de Qom.
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