O Irã começou a produzir combustível nuclear em sua instalação subterrânea de enriquecimento de urânio, informou um documento confidencial da Organização das Nações Unidas (ONU) ao qual a Reuters teve acesso na quarta-feira.
O texto diz ainda que Teerã pôs mais de 1.300 centrífugas em funcionamento, divididas em oito redes, no complexo de Natanz, numa acelerada ação para estabelecer as bases do enriquecimento em "escala industrial".
Os trabalhos contrariam as sanções impostas em dezembro e março pelo Conselho de Segurança da ONU ao programa nuclear iraniano, que o Ocidente suspeita ser voltado para o desenvolvimento de armas -apesar de Teerã insistir em seu caráter pacífico.
O Irã anunciou em 9 de abril que havia iniciado o enriquecimento de urânio em grande escala em Natanz, depois de uma fase limitada a pesquisas na superfície. Mas diplomatas trataram a notícia com ceticismo, aguardando uma avaliação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU).
Segundo o documento, os inspetores da AIEA realizaram uma "verificação das informações do projeto" na usina nos dias 15 e 16 de abril e foram informados de que oito redes -com 1.312 centrífugas ao todo- estavam funcionando e sendo alimentadas com "algum" urânio.
Uma nota de três parágrafos de Olli Heinonen, subdiretor da AIEA, diz ainda que o Irã impediu os inspetores de verificarem os projetos em andamento no reator de água pesada de Arak, que deve começar a funcionar em 2009.
As grandes potências vêem esse reator como uma ameaça nuclear, já que pode ser usado na produção de plutônio para bombas. O Irã diz ter finalidades pacíficas, como a produção de radioisótopos medicinais.
O Irã vetou o acesso da AIEA a Arak, cumprindo a decisão tomada semanas antes de impedir o acesso prévio dos inspetores aos projetos de futuras instalações nucleares, em retaliação às sanções impostas em março pela ONU.
Em sua carta ao embaixador do Irã na AIEA, Heinonen afirmou que Teerã não estava cumprindo seus compromissos de ser transparente, pois não estava permitindo inspeções sem aviso prévio ou a vigilância por câmeras na usina de Natanz, além de restringir o acesso a Arak.
O Irã alega que tais medidas não estão previstas no seu acordo de salvaguardas básicas com a AIEA, e que por isso não tem obrigação de aceitar as exigências.
Heinonen pediu ao Irã que "reconsidere" a sua cooperação com a AIEA.
Teerã repetiu na terça-feira suas promessas de ampliar a produção de urânio e disse que as sanções da ONU não vão prejudicar a instalação de centrífugas em Natanz, onde há baterias antiaéreas devido a temores de um ataque dos EUA.
O diretor da Organização de Energia Atômica do Irã sugeriu que levará de 2 a 4 anos para que o país atinja sua meta de ter 50 mil centrífugas.
Outro alto funcionário afirmou que o Irã já montou 3.000 centrífugas. O objetivo do país é ter as 3.000 funcionando até maio, o que talvez seja suficiente para refinar urânio para uma bomba atômica por ano, caso o Irã assim deseje e se as máquinas funcionarem por longos períodos sem apresentarem defeitos -uma capacidade que o país ainda não demonstrou ter.
Centrífugas são máquinas que giram em velocidades supersônicas para produzir combustível para usinas atômicas -ou, dependendo do grau de pureza, para armas nucleares.
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