O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse nesta segunda-feira que o Irã continuava resistindo a uma investigação sobre seu programa atômico, mas recebeu com satisfação a oferta de grandes potências com incentivos para os iranianos.

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Horas antes, o país havia descartado qualquer acordo que envolvesse abrir mão de seu direito de enriquecer urânio, mas não chegou a rejeitar o pacote apresentado por seis grandes potências e que exige dele a suspensão das atividades em torno da fabricação de combustível nuclear. O Irã reafirmou sua postura quando o quadro de diretores da AIEA dava início a uma reunião em Viena.

- Está claro que a agência não avançou muito na resolução de importantes questões de verificação - afirmou o diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, diante do quadro de diretores. - Continuo convencido de que a maneira de avançar é por meio do diálogo e do estabelecimento de uma postura comum.

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Segundo diplomatas, a AIEA deve debater a questão iraniana, mas não aprovará qualquer resolução, evitando desagradar ao país islâmico enquanto ele avalia como responderá à oferta das grandes potências.

- O ponto de vista do Irã a respeito do ciclo de combustível nuclear já foi divulgado. Nós conseguimos essa tecnologia, isso é um direito nosso. E nós não negociamos a respeito de nossos direitos nucleares - afirmou Gholamhossein Elham, porta-voz do governo de Teerã.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que o país possui um prazo de semanas, não de meses, para responder à oferta.

- O encontro dos chanceleres do G8 (Grupo dos Oito), no final deste mês, será o momento de ver como estamos em relação ao Irã - disse, na segunda-feira, uma autoridade do Departamento de Estado americano.

Os ministros do G8 reúnem-se nos dias 29 e 30 de junho, antes de uma cúpula da entidade marcada para acontecer entre os dias 15 e 17 de julho.

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A autoridade, que não quis ter sua identidade revelada, afirmou que a reunião do quadro de diretores da AIEA não representava qualquer tipo de final de prazo para as negociações.

A crise com o Irã intensificou-se em fevereiro, quando a AIEA relatou o caso ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na semana passada, EUA, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e China ofereceram incentivos ao Irã para que o país pare de fabricar combustível nuclear. Os iranianos prometeram por várias vezes continuar com essas atividades.

Ameaça de sanções

O país pode enfrentar sanções da ONU se continuar com o programa de enriquecimento de urânio, o qual, segundo afirma, visa apenas à produção de combustível para abastecer usinas de força.

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O embaixador americano junto à AIEA disse que tudo agora dependia do país islâmico e que a próxima decisão no caso teria de vir de Teerã, não de Viena.

- Os EUA e outros membros do quadro de diretores da AIEA esperam que essa decisão seja a de abrir mão de atividades relacionadas com o reprocessamento, incluindo as atividades de pesquisa e desenvolvimento - afirmou Gregory Schulte.

O enviado do Irã junto à agência, Ali Asghar Soltanieh, havia pedido antes que o órgão evitasse divulgar "comunicados de fundo político capazes de prejudicar a atmosfera" necessária para uma solução diplomática da disputa.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã disse que o país enviará suas contrapropostas a respeito do pacote de incentivos.

As potências ocidentais descartaram no passado permitir ao país islâmico manter qualquer tipo de programa doméstico de combustível nuclear.

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Mas o novo pacote permitiria a implantação de um programa do tipo, a se iniciar após a suspensão total das atividades de enriquecimento de urânio, suspensão essa que duraria vários anos, e a se realizar sob a supervisão da AIEA.