O Irã deu um retorno otimista sobre os esforços de mediação da Turquia e do Brasil na disputa com o Ocidente sobre seu programa nuclear. O país informou ter recebido bem, "em princípio", as ideias com o objetivo de retomar um acordo patrocinado pela ONU que prevê a troca de combustível atômico com grandes potências.
"Surgiram novas fórmulas sobre a troca de combustível. Acho que podemos chegar a acordos práticos sobre essas fórmulas", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, cujos comentários foram publicados neste sábado por diários iranianos.
"É por isso que, em princípio, recebemos bem essas propostas e deixamos os detalhes para posterior exame." Ele não falou sobre o conteúdo das propostas. Os comentários parecem ser parte de uma tentativa do Irã de evitar uma possível nova rodada de sanções sobre seu programa nuclear, que o Ocidente teme que tenha como meta o desenvolvimento de armas.
Atualmente, Turquia e Brasil são membros não-permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Analistas dizem que o Irã pode estar tentando ganhar tempo para dividir as seis potências mundiais - Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China - que estão debatendo medidas punitivas adicionais contra a república islâmica.
Quinto maior exportador mundial de petróleo, o Irã diz que pretende usar seu programa nuclear apenas para gerar eletricidade e se recusou repetidamente a ceder a exigências internacionais para que interrompa atividades atômicas sensíveis.
No começo desta semana, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, concordou "em princípio" com a mediação brasileira sobre a proposta de troca de combustível nuclear, informou a mídia no Irã.
As potências veem esse plano como um meio de remover boa parte do estoque iraniano de urânio de baixo enriquecimento para minimizar o risco de que seja usado em bombas atômicas. Em troca, o Irã obteria combustível especialmente processado para manter seu programa de medicina nuclear em operação.
Mas essa proposta de intercâmbio não se concretizou por causa da insistência do Irã de efetuar a troca apenas em seu território, em vez de transportar antecipadamente o urânio enriquecido para o exterior, como propõem as potências. O país também quer enviar o material em pequenas quantidades, em várias fases, o que significa que não haveria uma redução significativa no estoque.