O Irã reclamou formalmente nas Nações Unidas por comentários do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considerados por Teerã uma "chantagem nuclear", informou nesta quarta-feira (14) a agência estatal Irna. Em uma carta enviada ontem à Organização das Nações Unidas (ONU), o governo iraniano questiona a "intenção" da nova política nuclear norte-americana e afirma que ela contém a ameaça de um ataque nuclear ao país.

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"Os membros da ONU não devem tolerar ou ignorar tal chantagem nuclear no século 21", afirma a carta, entregue pelo enviado do Irã na ONU, Mohammad Khazai. "Os Estados Unidos, de modo ilegítimo, identificaram um país que não é nuclear como alvo de suas armas atômicas e estão delineando seus planos militares com base nisso", segundo o texto, de acordo com a Irna.

Na semana passada, Washington divulgou uma revisão de sua política nuclear, limitando o uso de seu arsenal nuclear, mas citando Irã e Coreia do Norte como exceções, pelo fato de essas nações não obedecerem resolução do Conselho de Segurança (CS) da ONU. Em entrevista ao "New York Times", Obama também citou os dois países como exceções.

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"Tais comentários não apenas expressam uma intenção, mas são parte de documentos oficiais que formulam a política dos EUA de usar armas atômicas contra um país que não é nuclear e é um signatário do TNP (Tratado de Não-Proliferação)", afirma o texto. "E portanto é uma ameaça real à paz e à segurança internacional e também prejudica o TNP."

'Ameaças implícitas'

O texto denuncia o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, por "ameaças implícitas". Afirma ainda que o Irã já foi vítima de armas de destruição em massa no passado e está comprometido em criar um mundo sem arsenais nucleares. "Os membros da ONU devem tomar uma medida dura para destruir todas as armas nucleares, pois é a única garantia contra seu uso ou as ameaças de usá-las", diz a carta.