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O que foi a Revolução Islâmica?

Este ano, a Revolução Islâmica, que trouxe de volta ao país o Aiatolá Khomeini, completou 28 anos. Khomeini, que foi preso em 1963 pelo regime do xá Reza Pahlevi, era contra as medidas liberalizadoras adotadas e as classificava como contrárias ao Islã. Foi expulso do país e foi para a Turquia, que não o aceitou. Em seguida, foi deportado ao Iraque. Mais uma vez foi expulso e decidiu se instalar na Paris, em 1978. O xá e sua família deixaram o Irã em janeiro de 1979 e logo depois Khomeini retornou ao país.

Um novo governo foi designado e Khomeini proclamou a República Islâmica, que foi comandada por ele até a sua morte, em 3 de junho de 1989.

O Ocidente, leia-se Estados Unidos, desconfia de que o Irã esteja usando seu programa nuclear para fabricar armas para fins bélicos. Já o Irã, na figura de seu presidente Mahmoud Ahmadinejad, se defende argumentando que usa energia nuclear exclusivamente para fins civis e se recusa terminantemente a suspendê-lo, mesmo diante da imposição de sanções pelo Conselho de Segurança da ONU.

Além do temor de o país alcançar a tecnologia necessária para a construção da bomba atômica nos próximos anos, os EUA se preocupam em conter a influência do Irã no Oriente Médio. Um motivo de dor de cabeça para os líderes norte-americanos, que acusam o Irã de financiar milícias xiitas no Iraque, o Hezbollah no Líbano, e de representar uma ameaça ao Estado de Israel.

Nesse contexto, o programa nuclear iraniano acaba sendo um elemento de barganha, mesmo tendo por detrás um discurso pacífico, que reforça a posição do país no Oriente Médio, analisa Cristina Pecequilo, especialista em Relações Internacionais da Unesp.

Mas o uso da barganha não é exclusivo do governo iraniano, a Coréia do Norte fez o mesmo, com a diferença de que o Irã mantém seu programa nuclear há 20 anos sem recuar em momento algum, lembra Anderson Batista de Melo, pesquisador da pós-graduação em História da Universidade de Brasília (UnB). "O melhor presente para o Irã foi a invasão do Iraque pelos EUA, que derrubou um governo rival dos iranianos. Hoje os xiitas reconduzem a política no Iraque, o que é bom para o Irã".

As próximas semanas serão decisivas principalmente se o Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, França, Reino Unido, Rússia e como convidada a Alemanha) aprovar sérias medidas de embargo ao Irã. "Caso essas medidas sejam aprovadas pela Assembléia da ONU daria respaldo para os EUA ocuparem o Irã", comenta Melo.

Enquanto isso, o governo de Ahmadinejad segue com uma política dúbia, avalia, por ora se mostra pacífico e ao mesmo tempo testa mísseis para o lançamento de armas nucleares via satélite.

Cristina acha que os setores mais conservadores no Irã não vêem com bons olhos as medidas de Ahmadinejad por conta do risco que o programa nuclear representa. "Essa divisão interna poderia ser aproveitada pelos EUA." Mas no momento, não há clima nos EUA para uma nova guerra tanto do ponto de vista político quanto militar. A situação no Iraque e Afeganistão são desfavoráveis, o que dificultaria uma nova empreitada, apontam analistas.

Dick Cheney, vice-presidente dos EUA, tem dado sinais de que está tudo pronto para a ocupação do Irã, diz Melo. "As viagens de Cheney ao Oriente Médio servem para buscar apoio para uma ocupação do Irã." Com as eleições presidenciais nos EUA marcadas para 2008, um possível domínio do Irã daria força aos republicanos hoje em minoria no Congresso, prevê.

TNP

O Tratado de Não Proliferação (TNP) define que a energia nuclear civil é livre para todos, mas pode ser produzida somente sob a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O Irã é signatário do TNP; Israel, Índia, Paquistão, por exemplo, não assinaram o tratado e portanto não sofrem nenhum tipo de inspeção sobre seus programas nucleares.

O Irã precisa de outras fontes de energia além do petróleo e gás, argumenta Günther Rudzit, professor de Relações Internacionais da Faculdades Rio Branco. "Daqui a 15 ou 20 anos quando o petróleo acabar, como ficará a situação do país? O Ocidente vai condená-los ao subdesenvolvimento?"

O programa nuclear tomou tal dimensão no Irã que hoje se tornou unanimidade no país, sendo até motivo de orgulho nacional e respaldado pela oposição, diz Rudzit.

A única divisão que ainda se mostra tímida é entre o líder supremo iraniano Ali Khamenei e Ahmadinejad. "O programa nuclear iraniano tomou um rumo diferente do que Khamenei queria." Mas por enquanto esse "desencontro" não parece indicar nenhuma cisão na política interna do país.

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