O líder supremo do Irã acusou os Estados Unidos neste domingo (23) de tentar retomar o controle do Iraque, explorando as rivalidades seculares, enquanto os insurgentes sunitas se dirigiam para Bagdá a partir de novas fortalezas ao longo da fronteira síria.
A condenação da ação dos EUA pelo Aiatolá Ali Khamenei veio três dias depois do presidente Barack Obama se oferecer para enviar 300 conselheiros militares para ajudar o governo iraquiano. Khamenei pode querer bloquear qualquer escolha de um novo primeiro-ministro por parte dos EUA, depois de reclamar em Washington sobre o primeiro-ministro xiita, Nuri al-Maliki.
Neste domingo, militantes invadiram um segundo posto de controle na fronteira com a Síria, chegando a duas semanas com rápidas conquistas territoriais, enquanto o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) persegue o objetivo de ter sua própria base de poder, um "califado" abrangendo os dois países, o que gerou alarme em todo Oriente Médio e no Ocidente.
""Somos categoricamente contra uma intervenção dos EUA ou de qualquer outro país no Iraque", disse Khamenei, segundo a agência de notícias IRNA.
""Não aprovamos isso, já que acreditamos que o governo iraquiano, a nação e as autoridades religiosas são capazes de acabar com a sedição"."
Alguns observadores iraquianos interpretaram seu comentário como um aviso para que não tentem escolher seu próprio substituto para Maliki, a quem muitos no Ocidente e no Iraque responsabilizam pela crise. Em oito anos no poder, ele alienou muitos da minoria sunita, que dominou o país durante o governo do ditador deposto, Saddam Hussein.
Falando no Cairo, o secretário de estado dos EUA, John Kerry, disse que os EUA querem que os iraquianos encontrem uma liderança que possa representar todas as comunidades do país embora ele tenha repetido as palavras de Obama, dizendo que não vai determinar ou escolher esses líderes.
Os governos do Irã e dos EUA pareciam estar abertos para uma colaboração contra o ISIL, que também enfrenta o presidente da Síria. O líder sírio conta com o apoio do Irã e Washington deseja sua remoção.
""As autoridades norte-americanas estão tentando retratar isso como uma guerra sectária, mas o que está acontecendo no Iraque não é uma guerra entre xiitas e sunitas"," disse Khamenei, que tem a última palavra na administração religiosa da república islâmica xiita.
Acusando Washington de usar os islâmicos sunitas e os partidários do Baath, partido de Saddam Hussein, ele acrescentou: ""Os EUA estão procurando manter o Iraque sob sua hegemonia e governado por seus lacaios." Durante a longa guerra do Irã contra Saddam nos anos 80, o Iraque contou com o apoiosilencioso dos EUA".
O ISIL seguiu em direção ao leste a partir de um recém-capturado posto de controle, na fronteira do Iraque com a Síria, assumindo o controle de três cidades na província de Anbar. No sábado, havia dominado um posto de controle perto da cidade de Qaim, disseram testemunhas e fontes da segurança.
Eles conquistaram um segundo posto neste domingo, conhecido como al-Waleed.
As conquistas do ISIL neste domingo incluem as cidades de Rawa e Ana, ao longo do Rio Eufrates, ao leste de Qaim, assim como a cidade de Rutba, mais ao sul, na principal rodovia da Jordânia para Bagdá.
Um oficial da inteligência militar disse que as tropas iraquianas se retiraram de Rawa e Ana, depois que militantes do ISIL atacaram os assentamentos na noite de sábado. "As tropas se retiraram de Rawa, Ana e Rutba hoje de manhã e o ISIL agiu rapidamente para controlar completamente essas cidades," disse o oficial.
"Eles conquistaram Ana e Rawa hoje de manhã, sem lutar."
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