O Irã afirmou nesta segunda-feira que não pretende levar todo o seu programa de enriquecimento de urânio para a Rússia a fim de diminuir o temor do Ocidente de que possa usar essa tecnologia para produzir bombas atômicas.
As potências ocidentais dizem que a única maneira de o Irã provar que não tenta desenvolver uma bomba é parar de enriquecer urânio. Mas a República Islâmica insiste que tem o direito de transformar o minério de urânio extraído de minas do país em combustível para reatores nucleares.
- Não estamos discutindo planos para abrir mão de enriquecer urânio em nosso território e é errado argumentar que esse enriquecimento deveria ser realizado na Rússia - afirmou Gholamhossein Elham, porta-voz do governo. - O enriquecimento feito no Irã prosseguirá - disse em uma entrevista coletiva.
A Rússia ofereceu enriquecer urânio em nome dos iranianos, mas a proposta não avançou porque o Irã rechaçou abrir mão de todo seu programa de desenvolvimento de combustível nuclear.
Igor Ivanov, secretário do Conselho de Segurança russo, realizou negociações com autoridades iranianas em Teerã no domingo. Mas não houve sinais de avanço.
O Supremo Conselho Nacional de Segurança, um órgão iraniano, divulgou um comunicado afirmando que os dois lados haviam concordado com o prosseguimento das negociações.
- A postura geral é de que o caso do Irã deveria continuar com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e, se for assim, todos os mecanismos legais de vigilância continuarão em funcionamento, e isso atenderá aos interesses de todos - acrescentou Elham.
O caso do Irã foi relatado ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que poderia impor sanções. O governo iraniano afirma estar desenvolvendo um programa nuclear que produzirá energia, não bombas. Insatisfeito com o fato de ter sido denunciado ao Conselho de Segurança, o Irã deixou de permitir a realização de inspeções surpresa pela AIEA em suas instalações nucleares.
A Rússia, um membro permanente do órgão (e, portanto, titular de poder de veto), criticou o Irã por entrar em choque com a agência. Mas o país mantém importantes laços energéticos com os iranianos e não aceita a imposição de sanções.
Os russos estão ajudando os iranianos a construir sua primeira usina nuclear na cidade portuária de Bushehr, e interessam-se pelo aprofundamento da cooperação no setor nuclear.
A empresa Lukoil, da Rússia, explora o campo de petróleo de Anaran, o quarto maior produtor do combustível no mundo.
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