O Brasil se afastou mais um passo do governo iraniano na questão dos direitos humanos ao insistir ontem que o Irã receba relatores especiais da ONU. A intervenção em sessão no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, não só tornou mais explícita a posição brasileira como se contrapôs ao "não" de Teerã aos relatores.
O Itamaraty, como a reportagem revelou, tem coordenado sua posição mais dura sobre o Irã em Genebra com o debate no Conselho de Segurança, em Nova Iorque, sobre sanções ao programa nuclear do país cujo objetivo declarado é pacífico, mas que EUA e outros temem ser a bomba.
Assim, mantém sua posição contra sanções e em defesa do diálogo. Mas, ao mesmo tempo, tenta mostrar que não é aliado irrestrito do governo Ahmadinejad, o que lhe daria mais credibilidade como mediador.
O Brasil deixou isso claro ontem ao pedir a emenda explicitando as visitas de relatores especiais da ONU ao documento da revisão periódica do Irã em Genebra, que compila o relatório de Teerã e as recomendações dos demais países.
A recomendação foi feita na segunda-feira. Ao ser reforçada (mesmo sem a veemência de EUA, França, Chile e outros), ganha peso por vir após o Irã rejeitar o pedido por relatores e por Brasília estar sendo vista como capaz de persuadir Teerã, na opinião de diplomatas estrangeiros, ativistas e observadores.
Rússia
Ainda ontem, a Rússia anunciou o adiamento da entrega de mísseis de defesa aérea S-300 ao Irã, um dia depois da visita a Moscou do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que pediu a aprovação russa a novas sanções contra o programa nuclear iraniano.
"O adiamento se deve a problemas técnicos. A entrega acontecerá quando estiverem resolvidos", declarou Alexander Fomin, diretor adjunto do serviço russo de cooperação técnico-militar.
O contrato de venda de mísseis provoca muitas críticas nos Estados Unidos e em Israel, que temem que o Irã utilize os mesmos para proteger suas instalações nucleares.