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Um dia antes do encontro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha - o chamado "sexteto" - com autoridades do Irã, em Genebra, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, recebeu um visto de entrada nos Estados Unidos e esteve nesta quarta-feira (30) em Washington. Em uma iniciativa paralela, o presidente Mahmoud Ahmadinejad voltou a propor que um terceiro país venda para Teerã urânio enriquecido a 19,75%.

O motivo da viagem do chanceler iraniano não foi divulgado oficialmente. Para esclarecer, Mottaki concederá amanhã entrevista coletiva nas Nações Unidas, em Nova York. O Irã é acusado de estar em busca de armas atômicas. Mas os iranianos negam e dizem que seu programa tem por fim a geração de energia elétrica.

O governo dos Estados Unidos buscou minimizar a visita, a primeira em anos de uma autoridade do alto escalão fora do âmbito das Nações Unidas. Segundo P. J. Crowley, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, o chanceler iraniano apenas tratará de assuntos na Embaixada do Paquistão, que representa os interesses de Teerã nos Estados Unidos - americanos e iranianos não mantêm relações diplomáticas desde 1979.

Crowley acrescentou que o chanceler não se encontrará com nenhuma autoridade americana. "Estamos mais interessados em nos reunirmos com o Irã amanhã em Genebra", disse.

A agência de notícias Associated Presse, citando uma fonte não identificada da ONU, dizia que o ministro trataria de assuntos ligados a iranianos residentes nos EUA. O problema é que a maioria deles é composta por exilados políticos ou pessoas que saíram do Irã depois da Revolução Islâmica. O pedido de visto, feito por meio da Embaixada da Suíça em Teerã, que representa os interesses americanos no Irã, foi feito nas últimas 24 horas, segundo Crowley.

Em Teerã, Ahmadinejad voltou a insistir em que, nas negociações da próxima quinta-feira (1/10) em Genebra, seu representante pedirá que algum país venda para o Irã urânio enriquecido a 19,75%. Não ficou claro o que o regime de Teerã ofereceria em troca. Este valor é insuficiente para produzir uma bomba, mas bem superior à porcentagem de enriquecimento que as centrífugas iranianas são capazes de produzir atualmente. A proposta já havia sido feita à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Esse urânio, disse o presidente, teria uso médico.

A missão americana em Genebra será comandada pelo diplomata William Burns e não está descartada a possibilidade de um encontro bilateral entre ele e o negociador iraniano, Saeed Jalili. O encontro cumpre em parte a agenda eleitoral de Barack Obama, que prometeu buscar o diálogo com Teerã.

Segundo os EUA, a usina clandestina iraniana perto da cidade Qom estará na pauta das discussões de quinta-feira. A instalação, dizem analistas, seria pequena demais para uso civil.

Uma autoridade do governo americano, em Genebra para as negociações, afirmou nesta quarta-feira que os EUA não esperam obter resultados em apenas um encontro. Mas, caso as negociações não progridam, Obama deve insistir na necessidade de mais sanções.

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