O Irã está preparado para voltar a negociar sobre seu programa nuclear, mas insiste para que o Ocidente abandone sua postura "agressiva" e inclua países mais amigáveis nas conversas, disse o presidente Mahmoud Ahmadinejad na segunda-feira.
Em sua primeira entrevista coletiva desde que o Congresso dos Estados Unidos aprovou novas sanções, Ahmadinejad rejeitou a afirmação da CIA de que o Irã tenha material nuclear suficiente para duas bombas, caso ele seja enriquecido a um grau mais elevado.
"Eles têm tanto medo assim de duas bombas? Há 20 mil bombas estocadas e eles temem dessa forma a possibilidade da existência de duas bombas? Isso é realmente impressionante," afirmou ele.
"Temos dito que as bombas atômicas pertencem a governos que são politicamente retardados, àqueles que não têm lógica. Qual é a utilidade dessas bombas?"
O Irã mantém a atividade de enriquecimento de urânio apenas para fins pacíficos, como eletricidade e medicina.
Teerã não mantém nenhuma conversa substancial com o Ocidente desde outubro, quando desistiu de um acordo para enviar parte de seu estoque de urânio pouco enriquecido ao exterior em troca de material enriquecido a um grau mais elevado, necessário para alimentar um reator de pesquisa médica.
Em fevereiro, o país anunciou que começara a enriquecer urânio a um nível de 20 por cento --preocupando os países que temem que a República Islâmica tente produzir um material ainda mais puro, utilizado em armas nucleares.
Ahmadinejad afirmou que o Irã ainda gostaria de fazer a troca de combustível, com base em um acordo selado em maio com a Turquia e o Brasil, que não conseguiu evitar uma nova onda de sanções.
Estoque
Um ponto crucial para as futuras conversas é se Teerã está preparado ou não para abdicar de uma quantia suficiente de urânio pouco enriquecido para acalmar os críticos. Diplomatas ocidentais afirmam que a quantia concordada em outubro não é mais relevante, já que o Irã estocou uma quantidade muito maior desde então.
Ahmadinejad afirmou que a quantidade de combustível incluída numa troca "dependeria de nossas exigências." "Não sabemos por que eles insistem tanto em 'não importa o que vocês produzam, nos dê'" acrescentou ele.
Ele pediu que as grandes potências mundiais "esclareçam" três coisas antes que as negociações sejam retomadas: a atitude deles com relação ao suposto arsenal nuclear de Israel, a posição deles perante o desarmamento nuclear global e se eles virão à mesa como amigo ou inimigo do Irã.
O Irã estaria preparado para voltar às negociações depois da segunda metade do festival muçulmano do Ramadã --no final de agosto, disse ele, classificando isso de demora para "punir" o Ocidente.
"Países independentes" que acreditam na "justiça e no respeito" deveriam participar das conversas no futuro, afirmou ele --numa possível referência à Turquia e ao Brasil, que votaram contra as sanções da Organização das Nações Unidas.
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