O Irã lançou nesta quarta-feira um míssil com alcance de quase 2.000 quilômetros, e o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que o Estado islâmico tem condições de mandar qualquer possível agressor "ao inferno", anunciou a mídia oficial.
O alcance declarado do míssil terra-terra Sejil 2 seria quase igual ao de outro míssil iraniano, o Shahab 3, e analistas dizem que armas como essas podem colocar Israel e bases norte-americanas no Golfo dentro de seu alcance.
Ahmadinejad anunciou o lançamento do míssil em discurso no mesmo dia em que um órgão regulador religioso assinalou o início oficial da campanha para a eleição presidencial do próximo mês, aprovando Ahmadinejad e três rivais como candidatos.
Os principais rivais do presidente de linha dura na eleição de 12 de junho são moderados que defendem uma relação melhor com o Ocidente.
Mas um analista militar ocidental interpretou o lançamento do míssil nesta quarta como a resposta do Irã à visita do premiê israelense Benjamin Netanyahu a Washington esta semana, durante a qual ele destacou os receios do Estado judaico em relação ao Irã.
"Cada vez que eles (os iranianos) o fazem, é em reação a um acontecimento específico", disse Andrew Brookes, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, falando sobre a mais recente exibição de capacidade de armas do Irã.
O lançamento do míssil deve suscitar mais preocupações no Ocidente e em Israel sobre as ambições militares iranianas. Os EUA e seus aliados suspeitam que a República Islâmica esteja procurando construir bombas nucleares. Teerã nega a acusação.
Uma autoridade de defesa dos EUA confirmou o sucesso do lançamento iraniano, mas disse que o Pentágono ainda precisa fazer uma análise técnica de qual seria a trajetória e o alcance do míssil.
"O míssil Sejil 2, que possui tecnologia avançada, foi lançado hoje ... e alcançou seu alvo com precisão," disse Ahmadinejad, segundo a agência oficial de notícias IRNA.
O presidente iraniano falou durante comício na província setentrional de Semnan, onde, segundo a IRNA, o lançamento aconteceu. A televisão estatal disse que o lançamento foi um teste e mostrou imagens de um míssil subindo no céu, deixando um rastro de vapor em sua esteira.
O presidente norte-americano, Barack Obama, busca uma reaproximação com o Irã, depois de três décadas de hostilidade mútua. Mas, como seu predecessor George W. Bush, ele não excluiu a possibilidade de ação militar no caso de os esforços diplomáticos não conseguirem resolver a disputa nuclear.
Líderes israelenses provocaram preocupação nos EUA ao deixar entender que podem lançar ataques preventivos se concluírem que a diplomacia fracassou. Presume-se que Israel seja a única potência nuclear do Oriente Médio.
O Irã já declarou que responderá a qualquer possível ataque, atacando alvos norte-americanos e Israel, aliado dos EUA, e também fechando o estreito de Ormuz, uma rota vital para o fornecimento mundial de petróleo.
Ahmadinejad disse que o Irã tem o poder de "mandar para o inferno" qualquer base militar desde a qual seja disparado "uma bala sequer" contra o país.
Ele citou Israel, que o Irã descreve como regime sionista e não reconhece. "Neste momento o regime sionista ... ameaça o Irã militarmente com ameaças falsas. A nação iraniana deve saber que isso não passa de teatro."
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