A polícia iraniana usou gás lacrimogêneo na segunda-feira para dispersar seguidores do líder reformista Mirhossein Mousavi que se aglomeravam para lhe dar as condolências pela morte de um sobrinho durante uma manifestação, disse um site da oposição iraniana.
O Conselho Supremo da Segurança Nacional disse que oito pessoas morreram em manifestações contra o governo ocorridas no domingo, durante a celebração xiita da Ashura. O Ministério da Saúde disse que mais de 60 pessoas ficaram feridas em Teerã.
As mortes e a dimensão do confronto podem indicar uma nova fase de volatilidade e de repressão à oposição reformista, que não se conforma com a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, num pleito marcado por suspeitas de fraudes, em junho.
Um diplomata ocidental em Teerã disse que os incidentes dos últimos dias são "os confrontos mais duros que vimos desde junho", e que a liderança iraniana, embora sob grande pressão, não dá sinais de ceder.
Entre os mortos do domingo estava Ali Habibi Mousavi Khamene, sobrinho do líder reformista, que segundo a TV estatal foi atacado por desconhecidos. O site reformista Norooz disse que "um grupo de seguidores de Mousavi havia se reunido em frente ao hospital Ebn-e Sina, onde o corpo do sobrinho dele estava (...), (mas) a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersá-los."
Um site moderado disse na segunda-feira que o corpo do sobrinho de Mousavi sumiu do hospital. "Não podemos realizar o funeral até que o corpo do meu irmão seja encontrado", disse outro sobrinho do político reformista, segundo o site Parlemannews. Há previsão de confrontos durante o enterro do jovem.
O site oposicionista Jaras disse que três assessores de Mousavi foram detidos na segunda-feira, um dia depois de Teerã registrar cinco mortes. Antes, o site havia noticiado a prisão de quatro políticos reformistas.
Os sites da oposição dizem que dezenas de milhares de pessoas participaram dos protestos de domingo em várias cidades, e que oito mortes foram registradas.
A polícia negou envolvimento e disse que as "mortes suspeitas" estão sendo investigadas. As autoridades afirmaram também que cerca de 300 manifestantes foram detidos, e que dezenas de agentes ficaram feridos nos confrontos.
Não é possível confirmar de forma independente as versões divulgadas pelos sites, já que os veículos internacionais de imprensa são proibidos de cobrirem as manifestações "in loco".
Os Estados Unidos condenaram a "repressão injusta" aos civis e expressaram apoio aos manifestantes.
Os protestos dos últimos meses, que expõem uma profunda divisão na elite clerical do país, representam a pior crise interna no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979.
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