O regime autoritário do Irã vem executando em segredo centenas de prisioneiros, segundo um relatório da ONU, que detalha o crescimento dos casos de abuso dos direitos humanos na república islâmica.
Execuções misteriosas na prisão de Vakilabad, em Mashhad, leste do Irã, ganharam destaque no relatório, feito por Ahmed Shaheed, relator especial da ONU sobre a situação humanitária no Irã, que assumiu o cargo em 1º de agosto.
O relatório detalha uma série de abusos envolvendo a liberdade de expressão, violação dos direitos das mulheres e tortura de prisioneiros. Mas as informações mais impactantes estão relacionadas ao número crescente de execuções.
O documento, obtido pela AFP após ser publicado no site de Política Externa, relata que 200 execuções anunciadas oficialmente aconteceram em 2011, 83 delas - incluindo as de três prisioneiros políticos - apenas em janeiro. "Além disso, autoridades conduziram mais de 300 execuções secretas na prisão de Vakilabad em 2010", aponta o relatório. "Oficiais de Vakilabad, violando as leis iranianas, procederam com as execuções sem o conhecimento ou a presença dos advogados ou parentes dos presos, e sem que os executados tivessem sido notificados. Também foi reportado que 146 execuções secretas aconteceram até o momento em 2011", diz o texto.
Shaheed também verificou que 100 jovens estavam no corredor da morte, e que houve mais de 100 execuções este ano motivadas por drogas.
A Human Rights Watch contabilizou 388 execuções no Irã em 2010, enquanto a Anistia Internacional divulgou a cifra de 252, classificando aquele país em segundo lugar no número de pessoas executadas no ano passado, atrás da China.
Teerã alega que a pena de morte é essencial para manter a ordem, e que a mesma é aplicada apenas após exaustivos recursos judiciais.
Assassinato, estupro, assalto a mão armada, tráfico de drogas e adultério são crimes punidos com pena de morte no Irã.