Presidente Hassan Rouhani, na Praça da Liberdade, em Teerã: “Se alguns têm a ilusão de que há uma ameaça contra o Irã sobre a mesa, nós dizemos que eles estão precisando de novos óculos”| Foto: Abedin Taherkenareh/Efe

Anti-EUA

Mensagens de "morte aos EUA" circularam no público de Rouhani

Unidades do regime distribuíam ontem na Praça da Liberdade (também chamada de Azadi) cartazes e faixas com mensagens anti-EUA. Minutos antes do presidente Rouhani discursar, um homem no palanque fez discurso pontuado por gritos de "Morte aos EUA", que simpatizantes do presidente cogitam aposentar em meio a um ensaio de diálogo entre Teerã e Washington. Detentor da palavra final no Irã, o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, envia sinais ambivalentes. No sábado, reiterou que os EUA não merecem confiança, mas pediu aos conservadores que "deem chance a Rouhani". Como a cada ano, o aniversário da revolução que derrubou a monarquia iraniana é marcado por anúncios que visam glorificar o regime. Militares iranianos disseram ter enviado navios para perto de águas territoriais dos EUA e afirmaram que testes com mísseis foram bem-sucedidos.

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Antagonista

Rússia não comparece à reunião das Nações Unidas sobre a guerra civil síria

A Rússia está bloqueando os esforços do Ocidente em aprovar uma resolução do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) que aumentaria as sanções contra a Síria a não ser que o governo conceda acesso irrestrito às ajudas humanitárias.

O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, disse que usará o poder de veto se for necessário. "O texto não terá nenhum impacto positivo na situação", disse.

Churkin não participou das negociações de paz de segunda-feira, em Genebra, assim como o embaixador da China. O embaixador russo classificou a resolução como uma medida política introduzida para agitar as tensões políticas na Síria. Rússia e China, que apoiam o governo da Síria, já bloquearam outras três resoluções apoiadas pelo Ocidente.

11 de fevereiro de 1979 foi o dia em que o sucesso da Revolução Islâmica foi anunciado, depois dos chamados "Dez Dias do Amanhecer", que marcaram o retorno do aiatolá Khomeini ao Irã, depois de 15 anos exilado.

1.151 civis, a maioria mulheres, crianças e idosos, foram retirados de Homs, a terceira maior cidade da Síria, desde o início do cessar-fogo.

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Estudantes com bandeiras iranianas participam do evento em homenagem à revolução

A celebração do 35.º aniversário da Revolução Islâmica expôs ontem o racha entre o presidente do Irã, Hassan Rouhani, e seus rivais ultraconservadores acerca das negociações nucleares e da reaproximação com os EUA.

Enquanto Rouhani tentou conciliar acenos ao Ocidente com garantias de lealdade ao regime, integrantes do aparato ideológico fizeram da comemoração uma demonstração de hostilidade.

"Quero deixar claro que o caminho da nação iraniana rumo aos mais altos avanços científicos e técnicos, incluindo tecnologia nuclear pacífica, continuará para sempre", disse Rouhani, a dezenas de milhares de pessoas na Praça da Liberdade, em Teerã.

O presidente se absteve de atacar EUA e Israel, mas advertiu o Ocidente a não "repetir erros do passado".

"O Irã está determinado a ter conversas [nucleares] francas e construtivas com base na legislação internacional. Esperamos ver a mesma boa-fé por parte do outro lado nas negociações que começam daqui a alguns dias".

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Ele se referia ao encontro da próxima semana, em Viena, no qual o Irã e as grandes potências (EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha) discutirão as etapas seguintes de um acordo recém-implementado.

Pelo pacto, o Irã já freou seu programa de enriquecimento de urânio e se comprometeu a torná-lo mais transparente. Em troca, ocidentais levantaram parcialmente sanções que sufocam a economia iraniana.

Mas uma frente de deputados, militares e membros não eleitos do regime rejeita concessões e acusa o governo, eleito em junho, de capitular diante da pressão ocidental.

Os adversários do presidente têm forte influência sobre o aparato de propaganda que promove eventos oficiais.

As ruas de Teerã foram decoradas ontem por pessoas com bandeiras iranianas, rostos pintados e retratos do aiatolá Khomeini (1900-1989). Na última sexta-feira, os clérigos governistas do país usaram seus sermões para cobrar a participação da população nas comemorações dos 35 anos da Revolução Iraniana, pedindo manifestações para apoiar os princípios revolucionários e repudiar "os inimigos ocidentais".

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No setor mais conservador da política iraniana, argumenta-se que, antes dos aiatolás, o Irã dependia dos EUA e hoje ele é independente em questões ligadas ao poderio militar e à política externa.

Síria permite que homens saiam de Homs

O governo sírio permitiu que mais de uma centena de homens deixasse as áreas mantidas pelos rebeldes na cidade sitiada de Homs após terem sido eliminadas qualquer suspeita de ligação entre eles e os rebeldes, informou ontem a imprensa estatal.

Grupos de ajuda estão trabalhando com rapidez para aproveitar a extensão no prazo do cessar-fogo, que entrou em vigor na sexta-feira, e retirar o máximo de pessoas possível da cidade. Em Genebra, o governo e os líderes da oposição se encontraram para outra rodada de negociações presenciais sobre como acabar com a guerra civil no país.

De acordo com a tevê estatal, o governador de Homs, Talal Barrazi, disse que 111 homens, com idade entre 16 e 54 anos, deixaram a cidade durante o cessar-fogo na segunda-feira. "Os homens foram liberados após terem se apresentado às autoridades", afirmou o governador.

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Antes das retiradas começarem, as autoridades disseram que homens armados que se rendessem e renunciassem à violência teriam permissão para voltar à vida civil. Desde sexta-feira, 1.151 civis foram retirados de Homs, a terceira maior cidade da Síria.