A mulher iraniana condenada à morte por apedrejamento, o que causou protestos em vários países, aparentemente confessou ter cometido adultério e falou sobre o assassinato de seu marido em uma entrevista à TV estatal.
Na entrevista, transmitida na noite de quarta-feira, Sakineh Mohammadi Ashtiani também criticou seu advogado por divulgar publicamente o seu caso e disse que isso trouxe vergonha para sua família.
Um grupo de defesa dos direitos humanos, o Comitê Internacional contra o Apedrejamento, qualificou o programa de TV de "propaganda tóxica". Ashtiani havia anteriormente negado as acusações de adultério.
A atenção dada pela mídia internacional ao caso revelou o elevado número de execuções no país e pode ter evitado que Ashtiani seja apedrejada até a morte, segundo o advogado dela, que se refugiou na Europa.
Como a imagem dela estava obscurecida e a voz, encoberta pela tradução de um dialeto regional para o persa - o idioma oficial do Irã -, não foi possível confirmar por fonte independente a identidade da mulher.
Ashtiani contou como manteve um relacionamento com o primo do marido. "Ele me disse: 'Vamos matar seu marido'. Eu realmente não pude acreditar que meu marido seria morto. Pensei que ele estivesse brincando", disse Ashtiani. "Depois, descobri que assassinar era a profissão dele. Ele veio a nossa casa e trouxe todo o material. Trouxe aparelhos elétricos, fios e luvas. Depois, matou meu marido conectando-o à eletricidade", declarou.
O diretor do Judiciário da província iraniana do Azerbaidjão do Leste disse no programa de TV que Ashtiani havia injetado um anestésico no marido.
"Depois que o marido ficou inconsciente, o verdadeiro assassino matou a vítima ao conectá-la pelo pescoço à eletricidade", afirmou ele.
Não ficou claro se o primo foi preso.Mãe de duas crianças, Ashtiani já recebeu 99 chibatadas por ter mantido um relacionamento ilícito com dois homens. A sentença de apedrejamento foi suspensa enquanto a Justiça reexamina o caso, mas ainda pode ser executada, disse uma autoridade do Judiciário iraniano.
Assassinato, adultério, estupro, assalto a mão armada, apostasia e tráfico de drogas são crimes punidos com a pena de morte pela lei islâmica da Sharia, em vigor no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979.
O advogado dela, Mohammad Mostafaei, disse à Reuters em entrevista no começo da semana que Ashtiani, condenada por "adultério quando era casada", iria provavelmente ser poupada do apedrejamento graças à pressão internacional.
As autoridades do Irã emitiram ordem de prisão contra Mostafaei e mantiveram a mulher dele na prisão por duas semanas, numa tentativa de forçá-lo a retornar ao Irã, disse ele.
Na entrevista, Ashtiani disse que iria entrar com uma ação contra Mostafaei, que está na Noruega.
O programa de TV afirmou que o Ocidente deu tanto destaque ao caso na esperança de pressionar o Irã a libertar três norte-americanos que estão presos há mais de um ano depois de terem sido detidos perto da fronteira iraquiana, onde, segundo suas famílias, estavam pegando carona.
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