Reação
Garcia diz que Lula ficou emocionado
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado, pelo seu assessor especial Marco Aurélio Garcia, que a iraniana Sakineh Mohamadi Ashtiani, condenada à morte por adultério e cumplicidade na morte do marido, foi libertada.
"O presidente ficou muito, mas muito satisfeito e emocionado", disse Marco Aurélio, ao comentar a "felicidade" de Lula ao receber a notícia.
Questionado se o presidente Lula considerava a libertação de Sakineh uma vitória de seu governo, Garcia afirmou: "É um ato de justiça. É uma vitória dos direitos humanos em geral e confirma que há formas eficientes de vender os direitos humanos que não precisam ser ruidosas".
Essa afirmação de Marco Aurélio responde às criticas de que o governo era complacente com governos ditatoriais. "Não é momento para polemizar com críticas à política externa brasileira. O momento é de comemorar a decisão", observou Garcia, que comentou que não há nenhuma previsão do presidente Lula telefonar para o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, para cumprimentá-lo pela libertação.
"A notícia ainda não é 100% confirmada", observou ele, referindo-se ao fato de a liberação da iraniana ter sido noticiada por ONGs e não, ainda, pelo governo do Irã. O governo brasileiro esperava ontem a confirmação para se manifestar oficialmente.
Agência Estado
Berlim - A iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada a morrer apedrejada, foi libertada, assim como seu filho e seu advogado, informou ontem o Comitê Contra o Apedrejamento, com sede na Alemanha. A notícia foi recebida com cautela pela comunidade internacional, diante da falta de confirmação oficial de Teerã.
"Recebemos do Irã a informação de que estão livres", disse Mina Ahadi, porta-voz do comitê. "Esperamos ainda a confirmação. Ouvimos que está livre e também seu filho e seu advogado", disse Ahadi.
Teerã não havia feito qualquer comentário a respeito até o fechamento desta edição. No entanto, fotografias divulgadas no final da tarde de ontem, afiançadas por meios de comunicação do Ocidente, mostram Sakineh supostamente em casa, no domingo, durante uma breve saída na semana passada para uma entrevista a uma emissora de televisão.
As reações da comunidade internacional à notícia da libertação de Sakineh têm sido de cautela. O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, manifestou satisfação com a notícia, afirmando que este "seria um grande dia para os direitos humanos", mas destacou que "está verificando" a informação, divulgada pelo comitê.
Em Berlim, o ministério alemão das Relações Exteriores assegurou não estar a par das libertações de Sakineh, de seu filho e do advogado. "Não podemos confirmar estas notícias", disse um porta-voz.
Sakineh, uma viúva de 43 anos e mãe de dois filhos, foi detida em Tabriz (noroeste do Irã) e condenada à morte por dois tribunais diferentes em 2006 pelo envolvimento no assassinato do marido. Em 2007, a pena de morte na forca pelo assassinato foi reduzida, em apelação, a 10 anos de prisão, mas a sentença à morte por apedrejamento por adultério foi confirmada no mesmo ano por outra corte de apelação.
A revelação do caso, em julho passado, por associações de direitos humanos, causou uma forte mobilização no Ocidente, onde muitos países e personalidades pediram que a sentença não fosse aplicada, qualificando-a como "selvagem".
Em julho, Teerã afirmou que a sentença havia sido "suspensa" para uma revisão do caso, ainda em curso.
Em 22 de novembro, o chefe do Conselho de Direitos Humanos iraniano, Mohammad Javad Larijani, disse que havia "uma grande possibilidade de que a Justiça iraniana perdoasse a vida" de Sakineh.