A jornalista Narges Mohammadi, que recebeu já diversos prêmios relacionados aos Direitos Humanos, cumpre uma pena de 10 anos em Teerã| Foto: EFE/EPA/ABEDIN TAHERKENAREH
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A iraniana Narges Mohammadi, vencedora do Nobel da Paz de 2023, iniciou uma greve de fome nesta segunda-feira (6) para protestar contra a negação de cuidados médicos nas prisões e o uso obrigatório do véu islâmico no Irã.

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“Narges Mohammadi informou sua família, por meio de uma mensagem, que iniciou uma greve de fome”, afirmaram no Instagram familiares da ativista, que sofre de problemas de saúde.

Mohammadi, que está no presídio de Evin, em Teerã, iniciou a greve de fome para denunciar “a política da República Islâmica de atrasar e negligenciar os cuidados médicos aos prisioneiros doentes”.

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Esta falta de cuidados médicos traduz-se em “perda de saúde e de vidas”, segundo o comunicado divulgado pela família de Mohammadi.

A ativista também quer denunciar a “política de morte ou uso obrigatório do véu para as mulheres iranianas”.

Negação de cuidados médicos

A família afirmou ainda que Mohammadi necessita de “cuidados médicos urgentes” em um centro especializado em pulmão e coração, algo que foi rechaçado pelas autoridades do país persa.

“Recusam-se a dar-lhe acesso aos cuidados médicos de que necessita há uma semana”, denunciaram os familiares.

As autoridades iranianas negaram na semana passada a transferência de Mohammadi para um hospital para realizar exames pulmonares e cardíacos porque a ativista se recusou a usar um hijab.

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“Um promotor deu ordens para que ela não seja transferida para o hospital em hipótese alguma se não se cobrir com um véu”, relatou na ocasião a família da ativista.

A família também expressou nesta segunda-feira (6) sua preocupação com a saúde de Mohammadi e afirmou que responsabiliza a República Islâmica "pelo que possa acontecer a nossa amada Narges".

O Comitê do Nobel concedeu no mês passado o prestigioso prêmio a Mohammadi “por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e por sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”.

O Nobel também relacionou o ativismo de Mohammadi com os protestos desencadeados no ano passado após a morte sob custódia policial da jovem Mahsa Amini, depois de ter sido detida por não usar corretamente o véu islâmico.

O governo iraniano considerou a concessão do prêmio à ativista como “um ato político” e uma medida de “pressão” do Ocidente.

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Mohammadi cumpre atualmente uma pena de 10 anos de prisão por “espalhar propaganda contra o Estado” e tem entrado e saído das prisões iranianas durante anos.

Seu ativismo custou-lhe 13 detenções, cinco penas de 31 anos de prisão no total e 154 chibatadas.

A jornalista e ativista não vê os filhos, que estão em Paris, há oito anos e também já passou longos períodos em confinamento solitário.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]