Energia
Agência da ONU diz que país avança com seu projeto atômico
Reuters
O Irã está fazendo um "progresso constante" na expansão do seu programa nuclear, e as sanções internacionais não parecem estar afetando seu ritmo, disse ontem o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano.
Os comentários de Amano destacam o desafio enfrentado pela potências ocidentais de persuadir o Irã a suspender sua atividade nuclear.
Governos ocidentais acusam a República Islâmica de tentar desenvolver armas atômicas, o que Teerã nega, insistindo no caráter pacífico do seu programa nuclear.
Amano disse que a AIEA permanece empenhada em dialogar com o Irã, mas que não há novos contatos previstos, após uma série de dez reuniões desde o começo de 2012, sem avanços na retomada das investigações internacionais a respeito de possíveis aspectos militares do programa nuclear iraniano.
Os Estados Unidos anunciaram ontem que não vão acolher a eleição do próximo presidente do Irã com uma nova oferta nuclear ao país. A porta-voz do Departamento do Estado dos EUA, Jen Psaki, disse que o governo norte-americano está aberto a novas negociações nucleares com o Irã. Mas Washington e seus parceiros internacionais querem uma resposta de Teerã às ofertas apresentadas em abril.
O presidente eleito do Irã, Hasan Rowhani, descartou ontem a hipótese de o país abandonar o programa nuclear em seu mandato, embora tenha prometido mais transparência ao processo. Ele também pediu o fim das sanções econômicas ao país, que considera "injustas e injustificadas".
Em sua primeira entrevista coletiva desde sua vitória nas urnas, na sexta-feira, o futuro mandatário disse que seguirá um caminho de moderação política, em oposição ao extremismo do que chamou de "políticas do passado".
A declaração é feita dias após países ocidentais anunciarem intenções de retomar as relações com o Irã, como uma forma de conseguir o relaxamento do programa nuclear. Os países estão cautelosos sobre o alcance que poderá ter a vitória do moderado Rowhani diante da influência do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
Para o presidente eleito, é necessária uma relação com as potências baseada na transparência e na confiança mútua entre os dois lados. Dentre um dos pontos de abertura, defendeu revelar mais informações sobre o enriquecimento de urânio e o programa nuclear iraniano.
"Nossos programas nucleares são completamente transparentes, mas estamos prontos para mostrar ainda mais transparência e deixar claro para todo o mundo que os passos dados pelo Irã estão completamente de acordo com os padrões internacionais", afirmou.
Por outro lado, defendeu o enriquecimento de urânio realizado por Teerã e chamou as sanções impostas pelos Estados Unidos e a União Europeia como injustas. Rowhani ainda pediu aos americanos que não interfiram na política interna iraniana e disse que a relação entre os dois países ainda "tem feridas difíceis de curar".
Eleição
Na contagem definitiva, Rowhani, 64 anos, obteve 50,7% dos votos válidos, o que equivale ao apoio de 18,6 milhões de pessoas. Ele bateu os conservadores Mohammad Qalibaf, prefeito de Teerã, e o chefe das negociações nucleares, Said Jalili, candidato de Ali Khamenei.
Após uma campanha morna, este aliado do ex-presidente moderado Akbar Hashemi Rafsanjani foi beneficiado pela desistência do reformista Mohammad Reza Aref e recebeu o apoio do líder dos reformistas, Mohammad Khatami.
Durante a campanha, defendeu maior abertura econômica e mudanças na política externa para lidar com a crise financeira no país, que causa desvalorização da moeda local, o rial, e desemprego.