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Protesto

Iranianos reagem a sanções e invadem embaixada britânica

Após invadirem embaixada em Teerã, manifestantes exibem bandeira britânica descaracterizada | Raheb Homavandi/Reuters
Após invadirem embaixada em Teerã, manifestantes exibem bandeira britânica descaracterizada (Foto: Raheb Homavandi/Reuters)

Em resposta às sanções adotadas na última semana pelo Reino Uni­­do contra o Irã, centenas de manifestantes invadiram a embaixada britânica em Teerã e um complexo onde moram diplomatas do país no norte da capital.

Os invasores – que se definiram apenas como "nós, estudantes" em um comunicado – pularam os portões da embaixada e forçaram a entrada para um grande grupo. Eles queimaram a bandeira britânica e hastearam a iraniana no lugar. Na ação, também quebraram janelas, jogaram do­­cumentos para fora e atearam fo­­go a um carro. Um retrato da rainha Elizabeth II foi vandalizado.

A invasão durou cerca de quatro horas, até a retirada pela polícia. Segundo agências de notícias, seis britânicos teriam sido feitos reféns no complexo de Gholhak Garden (norte). O governo britânico negou.

O premiê do Reino Unido, Da­­vid Cameron, responsabilizou o governo de Teerã pela ação "ultrajante e indefensável" e exigiu que ele processe os invasores. As sanções britânicas contra o Irã foram uma reação a relatório da agência nuclear da ONU deste mês apontando indícios de que o país esteja produzindo uma bomba atômica.

A chancelaria do Irã tentou des­­vincular completamente o go­­ver­­no da ação, dizendo "lamentar os protestos que levaram a alguns comportamentos inaceitáveis". "Nós respeitamos e estamos comprometidos com as regras internacionais sobre a imunidade e a segurança de diplomatas", disse, em nota.

Há forte suspeita, porém, de que a ação não teria sido possível sem aval tácito de setores mais ra­­dicais do regime iraniano, possivelmente ligados ao aiatolá Kha­­menei.

Em um comunicado, os manifestantes culparam o Reino Unido por mortes de cientistas do país e por incitar manifestações contra o governo após as eleições de 2009.

"Nós, os estudantes que ocuparam a ‘toca da velha raposa’ [em­­baixada], exigimos uma total quebra das relações com esse governo diabólico", diz o texto, anunciando que não vão desistir de suas "justas demandas".

Segundo a agência iraniana Fars, cerca de mil pessoas participaram da manifestação em frente da embaixada. Outras 200 teriam entrado no complexo de Gholhak Garden.

Reino Unido alerta que agressão terá graves consequências

Autoridades do Reino Unido alertaram ontem que a invasão da embaixada britânica em Teerã por parte de ativistas foi "inaceitável" e terá "graves consequências".

O premiê britânico, David Cameron, qualificou a ação de "ultrajante e indefensável", e pe­­diu que a Justiça iraniana puna os responsáveis. "A falha do governo iraniano em defender os diplomatas e a propriedade britânica foi lamentável", afirmou.

Anteriormente, o chanceler britânico, William Hague, havia alertado para "sérias consequências" contra o Irã devido à invasão, acrescentando que o governo britânico deve decidir que medidas irá tomar nos próximos dias.

"O governo iraniano deve reconhecer que haverá sérias consequências. Nós discutiremos que medidas serão tomadas nos próximos dias", disse.

O presidente dos Estados Uni­­dos, Barack Obama, também classificou como inaceitável o ataque contra a embaixada britânica em Teerã. Para o líder norte-americano, o incidente demonstra que o Irã não leva a sério suas obrigações internacionais.

"Este tipo de comportamento é inaceitável", declarou Obama no início de uma reunião com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Obama fez um ainda um apelo ao Irã para que proteja as representações diplomáticas es­­trangeiras e leve os culpados do incidente de hoje à Justiça.

Em comunicado anterior, a Casa Branca condenou "nos termos mais enérgicos" o ataque e sugeriu ao Irã a condenar o incidente e proteger as delegações diplomáticas.

"Instamos ao Irã que respeite totalmente suas obrigações in­­ternacionais, condene o incidente, leve os responsáveis à Jus­­tiça e garanta que este tipo de in­­­­ci­­dente não se repita", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

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