Reação
Nações Unidas condenam ataque
O Conselho de Segurança da ONU condenou a invasão por manifestantes de dois complexos da embaixada britânica em Teerã.
"Os membros do Conselho de Segurança condenam com veemência o ataque à embaixada do Reino Unido em Teerã, que resultou em ofensas às premissas diplomáticas", disse o embaixador de Portugal na ONU, José Filipe Moraes Cabral.
A nota foi aprovada por unanimidade pelos 15 países membros do conselho, inclusive a Rússia e a China. Cabral é o presidente rotativo do conselho durante o mês de novembro.
A UE (União Europeia) também condenou o ataque à embaixada. A porta-voz da chefe de política externa da UE, Catherine Ashton, disse que a ação foi "uma incursão totalmente inaceitável".
"Pedimos que o governo iraniano cumpra com a obrigação internacional de proteger diplomatas em embaixadas", disse a porta-voz de Ashton, Maja Kocijancic.
Em resposta às sanções adotadas na última semana pelo Reino Unido contra o Irã, centenas de manifestantes invadiram a embaixada britânica em Teerã e um complexo onde moram diplomatas do país no norte da capital.
Os invasores que se definiram apenas como "nós, estudantes" em um comunicado pularam os portões da embaixada e forçaram a entrada para um grande grupo. Eles queimaram a bandeira britânica e hastearam a iraniana no lugar. Na ação, também quebraram janelas, jogaram documentos para fora e atearam fogo a um carro. Um retrato da rainha Elizabeth II foi vandalizado.
A invasão durou cerca de quatro horas, até a retirada pela polícia. Segundo agências de notícias, seis britânicos teriam sido feitos reféns no complexo de Gholhak Garden (norte). O governo britânico negou.
O premiê do Reino Unido, David Cameron, responsabilizou o governo de Teerã pela ação "ultrajante e indefensável" e exigiu que ele processe os invasores. As sanções britânicas contra o Irã foram uma reação a relatório da agência nuclear da ONU deste mês apontando indícios de que o país esteja produzindo uma bomba atômica.
A chancelaria do Irã tentou desvincular completamente o governo da ação, dizendo "lamentar os protestos que levaram a alguns comportamentos inaceitáveis". "Nós respeitamos e estamos comprometidos com as regras internacionais sobre a imunidade e a segurança de diplomatas", disse, em nota.
Há forte suspeita, porém, de que a ação não teria sido possível sem aval tácito de setores mais radicais do regime iraniano, possivelmente ligados ao aiatolá Khamenei.
Em um comunicado, os manifestantes culparam o Reino Unido por mortes de cientistas do país e por incitar manifestações contra o governo após as eleições de 2009.
"Nós, os estudantes que ocuparam a toca da velha raposa [embaixada], exigimos uma total quebra das relações com esse governo diabólico", diz o texto, anunciando que não vão desistir de suas "justas demandas".
Segundo a agência iraniana Fars, cerca de mil pessoas participaram da manifestação em frente da embaixada. Outras 200 teriam entrado no complexo de Gholhak Garden.
Reino Unido alerta que agressão terá graves consequências
Autoridades do Reino Unido alertaram ontem que a invasão da embaixada britânica em Teerã por parte de ativistas foi "inaceitável" e terá "graves consequências".
O premiê britânico, David Cameron, qualificou a ação de "ultrajante e indefensável", e pediu que a Justiça iraniana puna os responsáveis. "A falha do governo iraniano em defender os diplomatas e a propriedade britânica foi lamentável", afirmou.
Anteriormente, o chanceler britânico, William Hague, havia alertado para "sérias consequências" contra o Irã devido à invasão, acrescentando que o governo britânico deve decidir que medidas irá tomar nos próximos dias.
"O governo iraniano deve reconhecer que haverá sérias consequências. Nós discutiremos que medidas serão tomadas nos próximos dias", disse.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também classificou como inaceitável o ataque contra a embaixada britânica em Teerã. Para o líder norte-americano, o incidente demonstra que o Irã não leva a sério suas obrigações internacionais.
"Este tipo de comportamento é inaceitável", declarou Obama no início de uma reunião com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Obama fez um ainda um apelo ao Irã para que proteja as representações diplomáticas estrangeiras e leve os culpados do incidente de hoje à Justiça.
Em comunicado anterior, a Casa Branca condenou "nos termos mais enérgicos" o ataque e sugeriu ao Irã a condenar o incidente e proteger as delegações diplomáticas.
"Instamos ao Irã que respeite totalmente suas obrigações internacionais, condene o incidente, leve os responsáveis à Justiça e garanta que este tipo de incidente não se repita", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
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