O primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al Sudani, anunciou nesta sexta-feira (5) a formação de um comitê bilateral para programar a retirada das forças da coalizão internacional liderada por Estados Unidos, um dia após Washington ter assassinado milicianos pró-governo em Bagdá.
“Afirmamos nossa firme posição de pôr fim à existência da coligação internacional uma vez terminadas as justificações para sua existência. Estamos em processo de definição da data para o início do diálogo através do comitê bilateral formado para determinar o fim desta presença", disse o ministro em um discurso na cerimônia em memória do comandante iraniano Qasem Soleimani, assassinado há quatro anos pelo governo americano.
Al Sudani afirmou que "os incidentes mais graves que se repetiram mais de uma vez no Iraque foram provocados por ataques de forças da coalizão internacional contra os quartéis-generais do grupo das Forças de Mobilização Popular", feito principalmente de grupos pró-iranianos.
A Mobilização Popular “representa uma presença oficial afiliada ao Estado, sujeita a ele, e parte integrante de nossas Forças Armadas. Enfatizamos repetidamente que em caso de violação ou transgressão por qualquer parte iraquiana, ou se a lei iraquiana for violada, o governo iraquiano é a única parte que tem o direito de acompanhar os méritos destas violações”, disse ainda.
“Condenamos os ataques contra as nossas forças de segurança, que vão além do espírito e da letra do mandato que criou a coalizão internacional”, dado que esta aliança foi formada para lutar contra o terrorismo jihadista do grupo Estado Islâmico (EI).
O ministro enfatizou que seu governo tem a vontade de “tomar decisões apropriadas para preservar a soberania, a segurança e a estabilidade do Iraque”.
Nesta quinta-feira (4), os Estados Unidos confirmaram que suas forças foram responsáveis pelo ataque lançado contra um quartel-general das Forças de Mobilização Popular, no leste de Bagdá, que matou, entre outros, o comandante do movimento Al Nujaba apelidado de Abu Taqua, bem como dois outros membros da milícia.
O Exército iraquiano disse ontem que esta ação “não é diferente dos atos terroristas”. Al Nujaba também faz parte da chamada Resistência Islâmica no Iraque, que lançou uma centena de ataques contra alvos com presença americana no país árabe e na Síria desde que eclodiu a guerra em Gaza, em 7 de outubro do ano passado, para obter apoio "inquebrável" de Washington a Israel.