Bagdá Um dia depois da posse de seu governo, o primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, prometeu ontem usar "força máxima contra o terrorismo" para pôr fim aos atentados de insurgentes, que no sábado deixaram um saldo de 19 mortos em todo o país. Maliki disse que agirá com firmeza contra as milícias.
"Nós vamos usar força máxima contra o terrorismo, mas também precisamos de uma iniciativa nacional", disse Maliki, referindo-se a um pacto de conciliação nacional, objetivo do governo de coalizão empossado no sábado. "Milícias, esquadrões da morte, chacinas e assassinatos não são fatos normais. Temos de pôr fim a isso."
O presidente norte-americano, George W. Bush, disse ontem em Washington que a formação de um governo no Iraque inaugura um "novo dia" para o país, mas a secretária de Estado, Condoleezza Rice, afirmou que ainda é cedo para anunciar a retirada de tropas dos Estados Unidos. Na opinião de um diplomata iraquiano, seria um "cataclisma" uma retirada em breve dos americanos.
Bush contou ter telefonado ontem ao presidente, ao primeiro-ministro e ao presidente da Assembléia do Iraque para congratulá-los pela formação de um governo de união nacional.
O gabinete, formado por xiitas, sunitas e curdos, se reuniu ontem pela primeira vez e terá dificuldade para chegar a um consenso sobre questões fundamentais, como o papel da religião no Estado, a divisão dos recursos naturais (petróleo e gás) e o grau de autonomia das províncias. Uma das primeiras tarefas de Maliki é buscar um acordo para a nomeação dos ministros da Defesa e do Interior, pastas decisivas para uma política de segurança nacional que ponha fim à insurgência e às chacinas de natureza sectária.
Por enquanto, o Interior será dirigido interinamente por Maliki e a Defesa pelo vice-primeiro-ministro Salam Zikam Ali al-Zubaie. Maliki disse que pretende designar para os postos-chave na segurança iraquianos não ligados a nenhum grupo político de fundo sectário, como forma de coibir a infiltração de milícias na polícia e no Exército. Enquanto Maliki prometia agir com dureza contra o terror, os insurgentes voltavam a atacar, num esforço para minar o governo. Um atentado suicida matou 13 pessoas e feriu 17 num restaurante, no centro de Bagdá, freqüentado por membros das forças de segurança. Em vários pontos do país houve explosões de bombas em estradas, tiroteios e ataques a tiros de metralhadoras, que mataram outras seis pessoas e deixaram dezenas feridas.
Bush prometeu ontem pela segunda vez no fim de semana que continuará apoiando o novo governo no Iraque, por considerar que esse país será "um importante aliado" na luta contra o terrorismo.