Um menino iraquiano de dez anos, que supostamente foi recrutado pela Al-Qaeda, estava para se explodir num ataque suicida nesta quarta-feira (7), a leste de Faluja, quando foi visto e detido pela polícia. O incidente ocorreu perto de um posto de checagem policial em Amariyat Al-Fallujah, uma vila a 15 quilômetros a leste de Faluja, o antigo bastião rebelde sunita, a oeste de Bagdá, disse o capitão Anas al-Issawi.

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"O menino de dez anos tinha sido usado anteriormente pela Al-Qaeda para instalar bombas", disse Issawi, acrescentando que o garoto desapareceu da casa dos pais em Amariyat Al-Fallujah quatro dias atrás. "Três homens que estavam numa van o levaram para a isolada vila de Shitsher (75 quilômetros a oeste de Bagdá) para prepará-lo para a operação suicida", disse o oficial citando o testemunho do menino.

Os homens ajudaram o garoto a vestir um colete com explosivos sob a tradicional vestimenta dishdasha e o levaram, de madrugada para a periferia de Amariyat Al-Fallujah. Eles o instruíram a se explodir assim que o lugar começasse a se encher de gente, afirmou Issawi.

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"O menino disse que seguiu as instruções e, quando viu as pessoas se reunindo, se aproximou delas (pronto para se explodir), mas um policial o viu e gritou para que se afastasse." "Ele entrou em pânico e fugiu, mas nós o capturamos e descobrimos que ele estava usando um colete com explosivos", disse o oficial. O garoto, cuja identidade não foi revelada, passou para a polícia informações sobre a van que os homens dirigiam e três suspeitos foram detidos, disse Issawi.

A segurança em Faluja, que já foi o local de desenvolvimento da insurgência sunita, melhorou bastante, embora os militantes ainda realizem ataques esporádicos. Desde 2006, integrantes de tribos sunitas e ex-rebeldes se juntaram às forças norte-americanas contra a Al-Qaeda, reduzindo a presença insurgente na região oeste do país.

Guerra aberta

Os ataques a bomba em Bagdá têm como objetivo pressionar os blocos políticos que disputam a formação do governo, disse hoje um importante político, quando o Iraque declarou "guerra aberta" à Al-Qaeda por causa do aumento da violência.

Seis bombas na capital mataram pelo menos 35 pessoas na terça-feira (6), dois dias depois de outros ataques coordenados contra embaixadas terem matado 30 pessoas. A súbita onda de ataques alimentou temores de que os insurgentes estão retornando por causa do impasse político decorrente das eleições de 7 de março.

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"Eles têm motivação política - eles estão sendo usados para pressionar os blocos políticos", disse o governador de Bagdá, Salah Abdul Razzaq, à agência France Presse, acrescentando que acredita que os ataques têm como objetivo pressionar algumas listas enquanto são realizadas negociações para a formação do governo. Ele não disse a quais blocos estava se referindo nem forneceu mais informações.

As declarações dele reiteram as feitas pelo ministro de Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, após advertências de funcionários da segurança segundo as quais o período de formação de uma nova coalizão poderia dar aos insurgentes uma oportunidade de desestabilizar o Iraque.

'Estamos em guerra'

Abdul Razzaq, integrante da aliança Estado de Direito, disse estar descontente com as medidas de segurança na capital, afirmando que "ainda há pontos fracos". "Nos pontos de inspeção não estão sendo usadas novas tecnologias. Eles estão usando métodos clássicos."

"Estamos em guerra. No nosso caso, trata-se de uma guerra aberta aos remanescentes da Al-Qaeda e do Baath", o partido de Saddam Hussein, disse o porta-voz de segurança de Bagdá, major Qassim Atta à emissora Al-Arabiya.

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"Grupos terroristas recebem apoio de fora do Iraque, de pessoas que não querem que o processo político seja um sucesso", acrescentou ele, sem dar mais explicações.