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Abusos

Iraque quer o fim das companhias de segurança estrangeiras no país

Bagdá anunciou nesta terça-feira sua intenção de controlar mais estreitamente as companhias privadas de segurança no Iraque depois de um incidente envolvendo a mais conhecida, Blackwater, que provocou a morte de 10 iraquianos e levou Washington a lamentar o incidente.

O governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki decidiu que a atividade destas empresas que empregam até 50.000 guardas armados no Iraque deve ser "reconsiderada e mais conforme com a lei".

Esta decisão foi tomada após um tiroteio, domingo, na passagem de um comboio diplomático escoltado pela companhia de segurança americana Blackwater, encarregada da proteção da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá. Dez iraquianos morreram, entre eles nove civis.

As autoridades iraquianas anunciaram que a Blackwater, uma referência no mundo em expansão das "companhias privadas de segurança", não pode mais atuar no Iraque, e disse que os responsáveis pelo que qualificaram de "crime" deverão ser levados ante a justiça iraquiana.

"O crime foi cometido por funcionários da Blackwater no território iraquiano, portanto, a justiça iraquiana pode perseguir a Blackwater", considerou o juiz Abdel Sattar Ghafur Bairakdar, da Corte Suprema de Justiça.

Até a noite desta terça-feira, nenhum funcionário da Blackwater havia sido detido ou expulso do Iraque.

É incerto o estatuto legal desta empresa que emprega 1.000 guardas estrangeiros no Iraque, e se beneficiou de 500 milhões de dólares de contrato do Pentágono neste país.

Como as demais companhias deste ramo, ela se considera protegida por um estatuto de imunidade decidido em 2004 pelo administrador americano Paul Bremer. Este estatuto é contestado desde a formação de um governo iraquiano e a aprovação de uma constituição, em 2005.

Num comunicado divulgado pelo canal CNN, a diretoria da Blackwater alegou que seus agentes tinham atuado em estado de legítima defesa, e lamentou as "perdas humanas".

"Os agentes independentes da Blackwater reagiram de maneira legal e apropriada a um ataque hostil, domingo passado em Bagdá", diz o comunicado.

"A Blackwater lamenta a perda de vidas humanas, mas este comboio foi alvo de um ataque violento perpetrado por insurgentes armados, não por civis, e nossos homens se limitaram a fazer seu trabalho", prossegue o texto.

De acordo com a versão oficial americana, o comboio foi atacado por rebeldes, provocando um intenso tiroteio no bairro de Mansur em Bagdá. Segundo testemunhas, os homens da Blackwater atiraram a esmo contra civis.

O porta-voz de Maliki, Ali al-Dabbagh, denunciou uma "agressão odiosa contra cidadãos iraquianos".

O poderoso movimento do líder radical xiita Moqtada al-Sadr, exigiu a suspensão do direito de trabalhar de todas as empresas estrangeiras de segurança.

Os Estados Unidos "lamentaram" o sucedido e, segundo Bagdá, a secretária de Estado Condoleezza Rice "pediu desculpas pessoalmente" a Maliki por telefone.

A Casa Branca preferiu se distanciar do incidente, limitando-se a "lamentar" a morte de inocentes.

"Em nome da administração, quero dizer que lamentamos profundamente a morte de qualquer inocente", declarou a porta-voz presidencial Dana Perino, sem se pronunciar sobre o fato de saber se o governo iraquiano tem o direito de proibir as atividades da Blackwater.

O departamento de Estado se mostrou prudente, afirmando que somente a investigação em curso poderá determinar as circunstâncias do tiroteio.

Os comboios de 4X4 blindados das companhias como a Blackwater, com seus atiradores que apontam suas metralhadoras em qualquer pessoa ou veículo que cruza seu caminho, são temidos e odiados pelos iraquianos.

Um assessor do Pentágono informou que o secretário da Defesa, Robert Gates, está analisando o recurso pelo exército americano a estas companhias privadas de segurança.

O incidente cria uma situação difícil para os Estados Unidos. Nesta terça-feira, três soldados americanos morreram numa explosão na província iraquiana de Diyala, ao nordeste de Bagdá, anunciou o exército.

Além disso, 13 pessoas foram mortas uma série de atentados em Bagdá, sete delas no ataque perpetrado contra um necrotério.

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