BAGDÁ - Uma pichação no distrito rebelde de Aadhamiya, na zona oeste de Bagdá, clama por guerra santa, não por eleição. Mas o estado de espírito na área e na maior parte da capital do Iraque era o contrário nas véspera das eleições parlamentares no país árabe. Apesar de alguns atentados, para o padrão iraquiano, a nação experimentava nesta quarta-feira um pouco de calma.
A votação marca o fim formal do prazo estabelecido pelos EUA para a criação de estruturas democráticas após a invasão de março de 2003, que derrubou o sunita Saddam Hussein e levou ao poder um governo dividido entre xiitas e curdos.
Embora autoridades alertem para o risco de violência sunita a fim de sabotar o pleito, a atmosfera parece muito mais leve que na sangrenta eleição anterior. Embora a Al-Qaeda tenha prometido atacar eleitores, grupos insurgentes estão apoiando alguns candidatos e disseram que vão fazer a segurança de seções de votação.
Na tentativa de conter ataques ligados à insurgência sunita, o tráfico em várias vias do país foi fechado, assim como fronteiras, lojas e escritórios. A maior parte dos iraquianos preferiu ficar em casa.
Em uma das principais avenidas de Aadhamiya, deserta no primeiro dia da proibição nacional de tráfico, jovens interromperam uma partida de futebol no chão de cascalhos para manifestar apoio ao ex-premier Iyad Allawi, um xiita secular cuja imagem de homem forte atravessa as violentas linhas sectárias iraquianas.
Acusações de apoio iraniano clandestino a líderes islâmicos xiitas à frente do governo são recorrentes entre rivais seculares e a minoria sunita de Saddam.
Há denúncias também de abusos, incluindo fraude e intimidação, que se multiplicaram durante a vibrante e vigorosa campanha eleitoral, que atraiu até os rebeldes sunitas que boicotaram o processo democrático para um Parlamento interino em janeiro deste ano.
Os episódios violentos da quarta-feira ficaram concentrados no Norte do país. Uma bomba plantada em estrada contra uma patrulha iraquiana em Samarra acabou matando uma criança. Em Baiji, cidade rica em petróleo, um funcionário do Ministério do Comércio foi morto a tiros. Uma explosão em Mosul matou dois policiais e feriu outros três.
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