Centenas de passageiros tentavam embarcar no aeroporto de Irbil nesta quinta-feira (28), após o governo iraquiano ordenar a suspensão de voos internacionais que tivessem como origem ou destino os aeroportos na região curda, no norte do país. Trata-se da primeira medida concreta de represália após o referendo de independência realizado pelos curdos, cujo resultado, anunciado na quarta (27), foi majoritariamente pela secessão - 92,73% dos votos.
Bagdá não reconheceu o pleito e se opõe a qualquer tentativa de independência dos curdos, que também enfrentam a oposição de outros países, como Turquia e Irã, onde há minorias curdas e temor de movimentos separatistas.
De acordo com a diretora do aeroporto da cidade curda Irbil, Talar Faiq Saleh, os voos devem ser interrompidos a partir desta sexta, às 18h (12h, horário de Brasília).
Um funcionário de alto escalão da Aviação Civil em Bagdá afirmou que o governo ainda irá tomar uma decisão em relação aos voos domésticos. Após o anúncio, muitos estrangeiros se dirigiram ao aeroporto de Irbil para deixar a região, por medo de ficarem bloqueados.
"Essa decisão não atinge apenas os curdos. Temos uma grande quantidade de refugiados que usam o aeroporto e éramos uma ponte entre a Síria e a ONU para enviar ajuda humanitária", disse Saleh, que citou também a presença na região de forças internacionais que combatem o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).
Represálias
Também nesta quinta, a Turquia disse que havia parado de treinar o Exército curdo em resposta ao referendo. Conhecidos como peshmerga, os soldados curdos fazem parte da linha de frente da campanha militar contra o Estado Islâmico .
Ancara ameaçou usar a força e impor sanções econômicas à região, mas nenhuma medida havia sido anunciada.
Entre 550 mil e 600 mil barris extraídos no Curdistão iraquiano são exportados pelo terminal turco de Ceyhan (sul) por dia. Se a Turquia fechar esse terminal, o Curdistão se verá asfixiado.
Na quarta, os deputados iraquianos votaram a favor do fechamento das fronteiras que se encontram fora da autoridade do Estado, ou seja, os quatro postos fronteiriços curdos com Turquia e Irã.
A realização do referendo teve como objetivo pressionar o governo iraquiano a negociar a independência da região autônoma curda. O governo do Iraque, entretanto, descarta qualquer conversa.
Para Bagdá, uma secessão curda implicaria perda de território e de boa parte da produção de petróleo do país.
Os curdos reivindicam várias áreas que foram conquistadas pelos soldados peshmerga durante o combate contra o Estado Islâmico.
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