Crueldade
Helicóptero alveja homens após rendição
Dois membros da insurgência iraquiana jogam suas armas ao chão e se rendem. Eles estão na mira do helicóptero americano Apache
"Crazyhorse 18 (cavalo doido) o mesmo aparelho que aparece em vazamento de julho da WikiLeaks matando dois repórteres e diversos civis iraquianos.
Um caminhão onde os iraquianos viajavam já havia sido alvo de tiros do helicóptero. Eles conseguiram sair ainda com vida.
Em dúvida sobre a situação inusitada, a tripulação do Crazyhorse 18 pede instruções à sua base pelo rádio.
"Eles estão querendo se render, diz um militar.
A resposta chega pelo rádio da base aérea de Taji, após alguns instantes: "Nosso advogado diz que eles não podem se render para uma aeronave. Ainda são alvos válidos.
O Crazyhorse 18 então abre fogo contra os dois homens usando metralhadoras projetadas para perfurar blindagem de tanques de guerra. O resultado é possível de se imaginar.
Esse relato consta de um dos 400 mil documentos divulgados ontem pelo site WikiLeaks.
Dubai - Cerca de 400 mil documentos confidenciais divulgados ontem pelo site Wikileaks apontam que forças dos EUA e seus aliados cometeram abusos, execuções sumárias e ignoraram atos de tortura no Iraque. O conteúdo dos relatórios foi reproduzido pelos principais jornais internacionais, como o Washington Post e o britânico Guardian, assim como pelo site da rede de tevê Al Jazeera [Qatar].
Trata-se da maior quebra de segurança desse tipo na história militar dos Estados Unidos. Em julho, o WikiLeaks publicou 76 mil documentos militares sobre a guerra do Afeganistão.
Ainda de acordo com os dados secretos, cerca 109 mil pessoas morreram no Iraque sendo 66 mil delas civis. Segundo os documentos, mais de 15 mil civis morreram em incidentes que não haviam sido previamente divulgados. Autoridades americanas e britânicas insistem que não existe um número oficial de vítimas no conflito.
Segundo os documentos, autoridades americanas não investigaram denúncias de abusos, torturas, estupros e outros crimes que teriam sido cometidos por policiais e soldados iraquianos, e tais oficiais tiveram permissão para continuar atuando sem qualquer punição.
Os dados revelados pelo Wikileaks indicam ainda que houve inúmeros casos de abusos contra prisioneiros. Presos tiveram os olhos vendados e os tornolezos e pulsos amarrados, e foram agredidos com chutes, socos e choques elétricos. Ao menos seis dos relatórios vazados apontam que os presos morreram após serem submetidos aos abusos.
Principais acusações
Os principais pontos revelados pelos arquivos confidenciais são, segundo o jornal britânico Guardian:
- autoridades americanas não investigaram centenas de relatos de abusos, tortura, estupro e mesmo assassinato pela polícia e soldados iraquianos, cuja conduta parece ser sistemática e normalmente fica impune;
- um helicóptero americano envolvido em um notório incidentes em Bagdá tinha previamente matado insurgentes iraquianos após eles tentarem se render;
- mais de 15 mil civis morreram em incidentes previamente desconhecidos. Autoridades dos EUA e do Reino Unido insistiram que não havia registros oficiais de mortes de civis, mas os arquivos confidenciais registram 66.081 mortes de não combatentes dentre 109 mil mortes no total.
Resposta
O Pentágono disse que não esperava grandes surpresas, mas alertou que soldados americanos e iraquianos podem ser colocados em risco pelo vazamento das informações. No Twitter, o WikiLeaks respondeu: "Nada novo para ELES obviamente".
O coronel Dave Lapan disse a jornalistas que a equipe do Pentágono revisou os arquivos da Guerra do Iraque que acredita que o WikiLeaks tenha, cobrindo um período entre 2003 e 2010.
Ele descreveu-os como arquivos amplamente "de base", que poderiam expor nomes de indivíduos iraquianos trabalhando com os EUA e dar informações a insurgentes iraquianos sobre as operações americanas, semelhante aos arquivos da Guerra do Afeganistão.
"Nossa preocupação é principalmente com a ameaça a indivíduos, a ameaça a nosso pessoal e nosso equipamento", disse Lapan.