O Iraque disse nesta segunda-feira que vai abrir processos em tribunais iraquianos e norte-americanos contra uma empresa de segurança acusada de matar civis em Bagdá em 2007, contrariando uma decisão da Justiça dos Estados Unidos que havia arquivado as acusações.
Em nota divulgada por seu gabinete, o primeiro-ministro Nuri al-Maliki confirmou a ação do governo contra a empresa Blackwater, já que Bagdá "rejeita a sentença emitida pela corte norte-americana absolvendo a empresa do crime de matar diversos cidadãos".
Na semana passada, um tribunal dos EUA arquivou os processos contra cinco agentes da Blackwater acusados de matar 14 civis em uma rotatória de trânsito de Bagdá em setembro de 2007. A corte argumentou que os direitos constitucionais dos acusados haviam sido violados.
Para os iraquianos, a chacina da Blackwater se tornou um símbolo do desrespeito dos estrangeiros pela vida da população desde que os seguranças privados que dão proteção a funcionários dos EUA receberam imunidade contra processos na Justiça do Iraque, após a invasão norte-americana de 2003.
Essa imunidade foi revogada num acordo bilateral que entrou em vigor no ano passado. Não está claro se no caso dos seguranças a medida irá retroagir.
O governo iraquiano considerou a decisão da Justiça dos EUA "inaceitável e injusta," e prometeu ajuda a parentes de vítimas em processos que venham a ser abertos em tribunais norte-americanos.
Os guardas da Blackwater, que hoje se chama Xe Services, dizem ter disparado em defesa própria no incidente, ocorrido no auge da violência sectária do Iraque. Mas testemunhas e vítimas dizem que eles atiraram indiscriminadamente, quando faziam escolta para um comboio fortemente armado.
Os cinco agentes foram indiciados em um tribunal federal dos EUA por 14 acusações de homicídio, 20 tentativas de homicídio e uma violação de porte de armas. Um sexto segurança se declarou culpado e aceitou cooperar com a acusação.
Políticos iraquianos atualmente se empenham em demonstrar que agem livres da influência estrangeira, o que pode lhes beneficiar nas eleições de março.
O Departamento de Estado dos EUA usou muitos serviços da Blackwater a partir de 2003 para proteger diplomatas e outros funcionários. Mas o Iraque revogou a autorização de operação da empresa no país depois do incidente de 2007.