Em meio a uma inesperada calma, milhões de iraquianos participaram neste sábado da histórica votação do referendo sobre a nova Constituição do país. A carta foi projetada para remodelar o Iraque depois de Saddam Hussein, mas que muitos temem que poderá causar mais divisões.
As urnas foram fechadas por volta das 17h (horário local, 11h no horário de Brasília) e os votos já começaram a ser contados a mão, informou a CNN. De acordo com o site, o índice de comparecimento às urnas foi mais alto do que na eleição da Assembléia Nacional de Transição.
Mais de dez milhões de pessoas podem ter votado no referendo sobre a Constituição do Iraque, afirmou neste sábado o comissário eleitoral Farid Ayar, após o fechamento das urnas. Esse número equivale a quase dois terços dos eleitores registrados.- Eu estava pensando que talvez nós possamos ficar perto dos 11 milhões de votantes - disse Ayar, um dos sete comissários eleitorais do referendo.
Caso dez milhões dos 15,5 milhões de iraquianos aptos a votar tenham comparecido, isso mostra presença de cerca de 65%, número maior do que os 58% da eleição de janeiro, a primeira após a derrubada de Saddam Hussein. Entre os primeiros a votar estavam o presidente do Iraque, Jalal Talabani, e o primeiro-ministro, Ibrahim al-Jaafari.
Insurgentes trocaram tiros com forças iraquianas e americanas em Ramadi, a oeste de Bagdá , mas na capital e na maior parte do país a votação parecia ocorrer sem problemas e com segurança.
Mais de 15,5 milhões de iraquianos têm o direito de votar no referendo, dizendo "Sim" ou "Não" para a nova Constituição proposta pelo Parlamento, um órgão dominado pelos muçulmanos xiitas e curdos étnicos. A maioria dos árabes sunitas boicotou as eleições de janeiro, que elegeram a assembléia.
Desta vez, no entanto, muitos sunitas compareceram para votar. Insurgentes sunitas ameaçaram atacar os postos de votação, mas a violência é muito menor do que os militares americanos haviam previsto.
Foi um contraste marcante com as eleições de janeiro, quando os guerrilheiros fizeram mais de cem ataques no dia da votação, matando pelo menos 40 pessoas.
As vésperas do referendo, havia um aumento da divisão entre os grupos étnicos e sectários do Iraque, levando alguns analistas a temer que a Constituição reforçará a separação entre os árabes sunitas, de um lado, e os curdos, de outro.
A maioria dos árabes sunitas, politicamente dominantes na época de Saddam, contra a Constituição, dizendo que ela dá muito poder e influência aos xiitas e curdos, inclusive o controle sobre as reservas de petróleo no norte e sul do país.
O referendo será aprovado e a Constituição será ratificada se a maioria dos eleitores votar "Sim" e se dois terços dos eleitores em três das 18 províncias iraquianas não disserem "Não". A Comissão Eleitoral disse que os resultados podem sair dentro de três ou quatro dias.