Bagdá - Um funcionário do governo iraquiano informou ontem que Muntadar al-Zeidi, o repórter que jogou seus sapatos no presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, está detido e milhares de pessoas foram às ruas pedir sua libertação. Muitos na região viram a sapatada como um ato heróico que expressou o desprezo profundo que muitos árabes sentem pelo presidente americano, culpado por anos de carnificinas, caos e o sofrimento dos civis.
"Esse é um beijo de despedida, seu cachorro", disse Al-Zeidi em árabe ao lançar os sapatos. "Isso é pelas viúvas, pelos órfãos e aqueles que foram mortos no Iraque."
Al-Zeidi é correspondente do canal de televisão Al-Baghdadia, de propriedade iraquiana e com sede em Cairo, no Egito. "Este é o fim", gritou o jornalista antes de arremessar os sapatos no presidente americano.
O jornalista, submetido a testes para detectar a presença de álcool e drogas, foi seqüestrado no ano passado por militantes xiitas. Com 28 anos, é xiita e é solteiro. Ontem seus três irmãos e a irmã mostraram a simples quitinete onde ele vive no oeste de Bagdá e manifestaram orgulho pela ação do irmão, embora também medo sobre o que possa acontecer na polícia. O apartamento é decorado com pôsteres do guerrilheiro latino-americano Ernesto Che Guevara, que é muito admirado no Oriente Médio. Se condenado, Al-Zeidi poderá passar dois anos na prisão, ou receber uma pena mais leve, como o pagamento de multa.
A emissora em que o repórter trabalha, a Al-Baghdadia, fez repetidos apelos pela liberação do jornalista. A Al-Jazira entrevistou o ex-advogado de Saddam Hussein Khalil al-Dulaimi, que se ofereceu para defender Al-Zeidi, qualificando-o como "herói".
Afeganistão
Mais tranqüila foi a visita-surpresa de Bush ao Afeganistão, onde ele confirmou o apoio americano ao presidente afegão e afirmou que a luta contra os terroristas no país é essencial.
"Quero estar no Afeganistão para dizer obrigado ao presidente (Hamid) Karzai, para fazer o povo afegão saber que os Estados Unidos estão por trás deles e que assim permanecerão", afirmou.