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Crise no Egito

Irmandade Muçulmana prepara protesto contra golpe no Egito

A Irmandade Muçulmana do Egito se prepara para protestar nesta sexta-feira (5) contra o recente golpe de Estado do exército, que depôs o presidente Mohammed Mursi e nomeou em seu lugar ao chefe do Supremo Tribunal Constitucional, Adly Mansour.

A principal concentração está programada para a Praça Rabea al Adauiya, no Cairo, onde os islamitas protagonizaram nos últimos dias manifestações para defender a legitimidade de Mursi, que foi eleito democraticamente no ano passado.

O porta-voz da Irmandade, Ahmed Aref, insistiu ontem que as manifestações devem ser pacíficas e pediu às instituições do Estado garantias de segurança.

A chamada Aliança Nacional em Defesa da Legitimidade Eleitoral, integrada pela Irmandade e outros grupos, pediu a restituição de Mursi, que fazia parte do grupo até pouco tempo antes de assumir a Presidência.

Desde que as Forças Armadas deram um golpe contra Mursi na quarta-feira passada, apoiadas por outras forças políticas e líderes religiosos, os partidários do islamita continuaram fazendo protestos, sendo que alguns terminaram em distúrbios.

O paradeiro do líder deposto continua desconhecido de forma oficial, mas a Irmandade Muçulmana afirma que ele está sob custódia militar e incomunicável.

Por outro lado, a campanha "Tamarrud" (rebelião), que impulsionou os protestos do domingo passado pedindo a renúncia de Mursi, organizou uma manifestação hoje na Praça Tahrir e no palácio presidencial de Itihadiya no Cairo.

O objetivo dessas duas manifestações é "a proteção da revolução", já que consideram que o exército iniciou uma nova etapa de transição política em que acreditam que suas aspirações serão cumpridas.

As Forças Armadas do Egito pediram hoje que os egípcios deixem de lado as vinganças pessoais e sejam tolerantes para se conseguir a reconciliação nacional, ao mesmo tempo em que garantiram a liberdade de expressão e de reunião.

Em mensagem divulgada nesta madrugada no site oficial do porta-voz do exército, Ahmed Mohammed Ali, os militares alertaram sobre o perigo de qualquer ação de sabotagem e ataque às instalações públicas e privadas, o que representa uma "ameaça para a paz social e os interesses da nação".

Além disso, pediram que não sejam adotadas medidas "extraordinárias e arbitrárias contra qualquer grupo ou movimento político", depois que os líderes da Irmandade Muçulmana começaram a ser presos e procurados pela Justiça.

ONU pede às autoridades que acusem os presos ou os libertem

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, solicitou nesta sexta-feira (5) às autoridades interinas do Egito que especifiquem as acusações contra os membros da Irmandade Muçulmana detidos nas últimas horas ou que os libertem.

"Não deveria haver mais violência, mais detenções arbitrárias, atos ilegais de vingança", assinalou Pilay em comunicado, no qual mostrou seu "preocupação pela detenção de vários líderes da Irmandade Muçulmana".

Posteriormente, em entrevista coletiva, o porta-voz de Pillay, Rupert Colville, esclareceu que a alta comissária pede especificamente que se tornem públicas as acusações dos que se acusa aos militantes detidos porque, como qualquer outro cidadão, têm direito a saber "com base em quê foram detidos".

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