A Irmandade Muçulmana disse nesta quinta-feira (18) ter proposto, por intermédio de um representante da União Europeia, uma plataforma de negociações para resolver a crise política do Egito, no primeiro anúncio formal de oferta de diálogo desde que o presidente Mohamed Mursi foi derrubado pelos militares.

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Gehad el-Haddad, dirigente da Irmandade que representou o movimento em conversações anteriores patrocinadas pela UE, disse que a proposta tinha sido encaminhada ao enviado Bernardino León, antes da visita na quarta-feira da chefe de política externa do bloco europeu, Catherine Ashton.

León confirmou ter oferecido os "bons préstimos" da União Europeia para ajudar a resolver a crise, mas disse que o termo "mediador" exagerava esse papel.

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A proposta, conforme descrita por Haddad, ainda está nos estágios iniciais. Ele não deu detalhes, descreveu-a apenas como uma "plataforma" para a abertura de um canal de diálogo e insistiu na firme exigência da Irmandade de que o "golpe" de 3 de julho, que derrubou Mursi, seja revertido.

Ele também disse que não está claro quem representaria o lado oposto: os militares que destituíram Mursi ou políticos.

"Precisamos de um terceiro lado. Nem sequer está claro quem seria o terceiro lado. Será o Exército? A FSN?", comentou, referindo-se à Frente de Salvação Nacional, formada por grupos políticos que se opõem a Mursi.

León, que falou por telefone a bordo de um voo de volta a Bruxelas, vindo do Cairo, se recusou a entrar em detalhes sobre qualquer das propostas recebidas, mas disse acreditar que as partes estão ficando cada vez mais abertas a negociações.

"É muito cedo para falar sobre iniciativas. Acabamos de ouvir as partes, as suas posições e qualquer espaço possível de abertura a ser apoiado. Acreditamos que este deve ser um diálogo... egípcio e com nenhum protagonista estrangeiro", declarou León.

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Durante visita na quarta-feira ao Egito, Ashton se encontrou com vários líderes da Irmandade, bem como dirigentes do governo provisório. A visita contrastou com a viagem de um enviado dos EUA, dois dias antes, que não se reuniu com a Irmandade.

Um assessor de Mohamed El Baradei, o líder da FSN e vice-presidente do governo interino do Egito, não fez nenhum comentário de imediato.

Reversão do golpe

Haddad disse que a Irmandade estaria disposta a negociar sobre qualquer questão política, incluindo a realização de novas eleições para substituir Mursi como presidente, mas insistiu que o Exército teria de reverter seu decreto que unilateralmente removeu Mursi do poder.

"Primeiro, eles têm que reverter o golpe de Estado", afirmou. "Você não pode entrar em um tanque e remover um líder eleito.... É um impasse, ou é um golpe militar ou uma escolha democrática", disse ele em uma entrevista à meia-noite, no Cairo, durante uma vigília de milhares de manifestantes que exigem o retorno de Mursi.

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León reconheceu que as posições das partes estão distantes.

"Ambos estão em posições muito firmes, ambos, mas ao mesmo tempo nós pensamos que eles não estão completamente fechados para a possibilidade de se reengajarem (no diálogo). Então, eu não diria que partimos otimistas do Egito, mas, pelo menos, eu posso dizer que também não estamos pessimistas."